"Quand il me prend dans ses bras, il me parle tout bas, je vois la vie en rose"
Juntos com suas famílias,
Anne & Charles
Convida você e um acompanhante para celebrar este casamento.
20h • 25.08 • Ilha de Antiparos, Grécia
Stuttgart, Alemanha.
Benjamin Pavard releu cada palavra escrita no papel e coçou os olhos, inutilmente tentando afastar o sono de si. Por um segundo, ponderou se aquilo era apenas um sonho e olhou ao redor. Sua irmã, Anne Pavard, estava prestes a se casar e ele soube através de um convite. Como qualquer outro convidado. Ele se esforçou para pensar qual fora o momento exato em que sua família se tornara apenas um laço sanguíneo e meros conhecidos. Benjamin e Anne, apesar de brigas diárias e desentendimentos na maior parte do tempo, sempre foram unidos quando mais novos, no entanto, logo após a entrada do irmão na Seleção Francesa de Futebol e no time alemão Verein für Bewegungsspiele Stuttgart, o contato entre eles era apenas de checagem. "Você está bem?", "Como estão as coisas?", "Precisa de algo?". Funcionou por algum tempo, contudo, diante de treinos, compromissos e jogos internacionais, Benjamin não se lembrava da última vez em que visitou os pais e a irmã mais nova em Maubeuge, na França, ou sequer de quando entrou em contato para perguntar se estavam todos bem.
Se encontrava tão perdido em suas angústias que só procurou um casaco em meio ao frio da Alemanha quando uma rajada de vento entrou através da janela e envolveu seu corpo, causando tremedeiras. Frustrado, largou o convite em cima da mesa da sala, fechou os olhos e suspirou.
– Ben? – Heidi chamou, envolvendo seus braços no tronco do namorado. Heidi Boyer, que na noite passada completou vinte e cinco anos, é modelo desde os dezesseis anos, foi coroada como Miss França aos dezenove e, desde então, atua nas passarelas das principais marcas de roupas do mundo. Além de atrair atenção com sua estética, a família Boyer é mundialmente conhecida no meio corporativista e por suas ações filantrópicas. – Benjamin? – Chamou mais uma vez, estranhando o comportamento aéreo do parceiro.
– Sim?
– O que houve?
– Anne vai se casar. – E falou assim. Sem mais, nem menos. Heidi abriu a boca algumas vezes, sem reação. Era tão inesperado para o irmão da noiva quanto para Heidi.
– O quê? Como isso aconteceu?
– Eu não sei. Acordei hoje, fui até a caixa do correio e o convite estava lá. – Ele apontou para mesa, onde pairava o papel, ainda aberto. A modelo caminhou até o papel, demorou alguns minutos para ler tudo e o pôs no mesmo local. Abriu a boca algumas vezes, mas hesitou antes de falar:
– Não poderei ir.
– Desculpe? – Perguntou, encarando-a. Na realidade, Benjamin escutou muito bem o que sua namorada havia dito, mas se deu uma chance para ter um pouco de esperança de que, talvez, tivesse escutado errado.
– Não posso ir, Ben. Sinto muito.
– Por que não?! – Perguntou, se levantando e andando para o outro lado da sala. Heidi fechou os olhos e respirou fundo. Estavam prestes a brigar, mais uma vez, como eles têm feito durante as últimas semanas.
– Eu falei para você que assinei um contrato com a Prada. Além disso, farei ensaios fotográficos para Vogue, no Japão. Estarei viajando o mês inteiro e você sabe.
– Tudo bem, Heidi. – Ele disse, derrotado. Não estava nada bem, mas também não queria brigar.
Paris, França.
– Casar?!
– SIM! Ele me pediu há quase uma semana! Quase não consegui manter segredo de você.
– Anne, espere. O convite diz que o casamento será no final deste mês.
– Lucile...
– Hm?
– Charles disse que queria se casar o mais rápido possível! Enviei todos os convites há dois dias. Surpresa! – Ela abriu os braços, sorrindo e Lucile não pôde deixar de sorrir junto, mesmo preocupada com a loucura que a amiga estava cometendo e chateada por saber ao mesmo tempo que todos os outros convidados.
– Essas coisas levam tempo, Anne. É muita coisa para organizar. – Lucile Deschamps ocupava, para Anne Pavard, o cargo de melhor amiga desde o início do ensino médio. Lucile era filha de uma brasileira e um francês, se mudou para França quando era uma adolescente e conheceu o que o mundo inteiro chama de "irmã do jogador de ouro". Contudo, para Lucile e sua família, ela era apenas a Anne. – Quando isso aconteceu?
– No dia em que a França ganhou a Copa do Mundo.
– Ah, meu Deus! Eu não acredito! Anne, sua...
– Não existe alguma regra sobre não xingar a noiva? – Perguntou, sorrindo amarelo, enquanto Lucile respirava fundo. – Ajuda se eu disser que você será minha madrinha?
– Ora, sua insolente, mas é óbvio que eu serei sua madrinha! Você está louca?
Anne riu, tentando abraçar a amiga. Não era mentira, era possível apostar uma vida de que uma seria a madrinha da outra.
– Certo, eu preciso da sua ajuda para organizar tudo. Eu aluguei uns quartos de hotéis duas semanas antes do dia e...
Lucile piscou algumas vezes e contraiu as sobrancelhas.
– Espere, duas semanas antes? Anne, eu ainda tenho algumas coisas para fazer e, além disso...
– Ah, não, Lucile. – Interrompeu. – Não me venha com desculpas! Já é verão, estamos de férias, você pode adiar ou, até mesmo, adiantar todos seus compromissos. – E então Anne fez o que Lucile mais odiava na amiga: contorceu o rosto em uma expressão de cachorro abandonado e entrelaçou os dedos, como se estivesse implorando.
– Uma semana antes.
– Duas semanas antes.
Dando um último suspiro pesado, Lucile balançou a cabeça, sinalizando um "tudo bem" e sorriu, recebendo, em troca, uma Anne histérica e jogada em cima de si.
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Roman d'amourParis é mundialmente conhecida como a cidade do amor e está há 624 quilômetros de Stuttgart, mas foi na Grécia, há 2255 quilômetros de distância, onde tudo começou. Benjamin Pavard é o novo herói nacional da Seleção Francesa de Futebol e irmão de su...