Capítulo 7

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Lucile se deixou perambular pela festa, olhando para o nada. A frustração dentro de si e a sensação de ter sido idiota o suficiente por acreditar que Benjamin sequer tivera olhos para ela em algum momento aumentava à medida que o tempo passava, mas praticamente desejava permanecer capturada por aquela sensação para sempre. O vazio que o sentimento deixava, doía mais do que a pontada intensa e ardente que sentia ao pensar que Benjamin tinha alguém e que durante todos esses dias, ela criara nada mais do que uma alucinação. Ela tentava entender o que havia acabado de acontecer, mas seus pensamentos eram apenas uma bagunça desconexa, ironicamente seguindo as batidas da música e a movimentação do corpo de todas as pessoas que a cercavam. E, então, o viu.

Benjamin Pavard estava segurando uma Heineken long neck e conversava animadamente com René. Ele ria de algo que o amigo havia dito e passou os olhos pela pista de dança, encontrando o olhar de Lucile caindo sob si. Não demorou muito para notar que estes estavam preenchidos por lágrimas incontroláveis e comprimia os lábios, como se isso fosse a ajudar a não chorar. Lucile sentiu a raiva a invadir fortemente. Ela fechou os olhos e sentiu uma lágrima descer pelo lado do seu nariz. Assim que abriu o olho, viu que ele caminhava em sua direção.

– Ah, droga – balbuciou. "Não posso engolir meu orgulho assim tão depressa", disse para si mesma. Havia mais uma questão colaborando para que ela se sentisse tão mal: a quase certeza de que tudo havia sido recíproco, apesar do que disse para Melanie.

– Luci? Tudo bem? – Ele perguntou, levantando o rosto dela.

– Você namora? – ela perguntou de vez, porque assim iria doer menos, como remédio para ferida, mesmo sem entender porque doía tanto.

– O quê? – ele escutou, mas respondeu automaticamente para que tivesse tempo de pensar.

– Melanie me contou sobre você e Holy.

– Você quis dizer Heidi?

– Ah, meu deus... você namora!

– Luci, você não sabia? – ela o encarou pela primeira vez, olho a olho e se arrependeu no mesmo segundo porque conseguiu ter um coração partido somente ao ver o olhar de Benjamin.

– Não... Eu não procurava seu nome no Google ou algo do tipo, Pavard – ela falou, limpando as lágrimas, ainda meio alterada. – Escute, não tenho raiva de você, tudo bem? Você não me devia satisfação, eu só pensei que você talvez pudesse gostar de... de...

– Do quê? – ele insistiu, ao ver que ela estava hesitando. Queria ouvir ela falar "de mim" para que pudesse reafirmar isso quantas vezes fosse necessário e acabar com tudo aquilo de vez. Esperaria voltar para a Alemanha, terminaria com Heidi pessoalmente e iria o mais rápido possível atrás de Lucile.

No entanto, a resposta nunca veio. Benjamin observou tudo em câmera lenta, apesar de ter acontecido em menos de um minuto: Lucile virou a cabeça para o lado, vomitou e apagou. René, que de longe observava a cena, correu ao ver o corpo dela cair quase que espetacularmente nos braços de Benjamin.

– Meu Deus, o que aconteceu?

– Ela bebeu demais, eu acho – Benjamin respondeu, sucinto. – Eu vou levá-la para tomar um ar fresco, você pode tentar distrair Anne para que ela não sinta falta de Lucile?

– E o que eu digo caso ela pergunte?

– Você pode falar que estamos conversando lá fora.

Benjamin apoiou o braço direito da garota em seus ombros e ergueu o corpo dela pela sua cintura com dificuldade. Lucile tossiu levemente, o que o fez perceber que ela havia aberto os olhos e – felizmente – estava acordada. Ao chegar em uma área aberta na parte traseira da boate, ele a posicionou em um sofá de madeira e pediu água a uma extensão pequena do bar que havia ali.

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