Lucile se deixou perambular pela festa, olhando para o nada. A frustração dentro de si e a sensação de ter sido idiota o suficiente por acreditar que Benjamin sequer tivera olhos para ela em algum momento aumentava à medida que o tempo passava, mas praticamente desejava permanecer capturada por aquela sensação para sempre. O vazio que o sentimento deixava, doía mais do que a pontada intensa e ardente que sentia ao pensar que Benjamin tinha alguém e que durante todos esses dias, ela criara nada mais do que uma alucinação. Ela tentava entender o que havia acabado de acontecer, mas seus pensamentos eram apenas uma bagunça desconexa, ironicamente seguindo as batidas da música e a movimentação do corpo de todas as pessoas que a cercavam. E, então, o viu.
Benjamin Pavard estava segurando uma Heineken long neck e conversava animadamente com René. Ele ria de algo que o amigo havia dito e passou os olhos pela pista de dança, encontrando o olhar de Lucile caindo sob si. Não demorou muito para notar que estes estavam preenchidos por lágrimas incontroláveis e comprimia os lábios, como se isso fosse a ajudar a não chorar. Lucile sentiu a raiva a invadir fortemente. Ela fechou os olhos e sentiu uma lágrima descer pelo lado do seu nariz. Assim que abriu o olho, viu que ele caminhava em sua direção.
– Ah, droga – balbuciou. "Não posso engolir meu orgulho assim tão depressa", disse para si mesma. Havia mais uma questão colaborando para que ela se sentisse tão mal: a quase certeza de que tudo havia sido recíproco, apesar do que disse para Melanie.
– Luci? Tudo bem? – Ele perguntou, levantando o rosto dela.
– Você namora? – ela perguntou de vez, porque assim iria doer menos, como remédio para ferida, mesmo sem entender porque doía tanto.
– O quê? – ele escutou, mas respondeu automaticamente para que tivesse tempo de pensar.
– Melanie me contou sobre você e Holy.
– Você quis dizer Heidi?
– Ah, meu deus... você namora!
– Luci, você não sabia? – ela o encarou pela primeira vez, olho a olho e se arrependeu no mesmo segundo porque conseguiu ter um coração partido somente ao ver o olhar de Benjamin.
– Não... Eu não procurava seu nome no Google ou algo do tipo, Pavard – ela falou, limpando as lágrimas, ainda meio alterada. – Escute, não tenho raiva de você, tudo bem? Você não me devia satisfação, eu só pensei que você talvez pudesse gostar de... de...
– Do quê? – ele insistiu, ao ver que ela estava hesitando. Queria ouvir ela falar "de mim" para que pudesse reafirmar isso quantas vezes fosse necessário e acabar com tudo aquilo de vez. Esperaria voltar para a Alemanha, terminaria com Heidi pessoalmente e iria o mais rápido possível atrás de Lucile.
No entanto, a resposta nunca veio. Benjamin observou tudo em câmera lenta, apesar de ter acontecido em menos de um minuto: Lucile virou a cabeça para o lado, vomitou e apagou. René, que de longe observava a cena, correu ao ver o corpo dela cair quase que espetacularmente nos braços de Benjamin.
– Meu Deus, o que aconteceu?
– Ela bebeu demais, eu acho – Benjamin respondeu, sucinto. – Eu vou levá-la para tomar um ar fresco, você pode tentar distrair Anne para que ela não sinta falta de Lucile?
– E o que eu digo caso ela pergunte?
– Você pode falar que estamos conversando lá fora.
Benjamin apoiou o braço direito da garota em seus ombros e ergueu o corpo dela pela sua cintura com dificuldade. Lucile tossiu levemente, o que o fez perceber que ela havia aberto os olhos e – felizmente – estava acordada. Ao chegar em uma área aberta na parte traseira da boate, ele a posicionou em um sofá de madeira e pediu água a uma extensão pequena do bar que havia ali.
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RomanceParis é mundialmente conhecida como a cidade do amor e está há 624 quilômetros de Stuttgart, mas foi na Grécia, há 2255 quilômetros de distância, onde tudo começou. Benjamin Pavard é o novo herói nacional da Seleção Francesa de Futebol e irmão de su...