Capítulo 6

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8 dias para o casamento.

– Hora de acordar, raio de sol.

Benjamin sentiu mãos leves percorrerem pelo seu braço direito e uma voz suave adentrar seus ouvidos, reconheceu sendo de sua mãe após alguns segundos. Ele se revirou na cama e soltou um longo murmúrio ao se dar conta que o sol sequer havia aparecido ainda, haja vista a ausência de luminosidade invadindo sua pálpebra, como acontecia todos os dias. Por algum motivo, sua mente percorreu um longo caminho enquanto travava uma luta se deveria levantar ou fingir para a mãe que estava em um sono muito pesado, o número cinco cruzou sua mente e ele constatou o óbvio: deveria ser por volta das cinco horas da manhã. Depois disso, meio segundo foi necessário para que tomasse uma decisão: iria fingir que estava em um sono profundo demais para escutar ou sentir algo.

– Benjamin Pavard, não adianta fingir – soou mais rígida dessa vez, o que o fez desistir imediatamente. – Não queira que eu o faça lembrar que não está aqui para festas, Benjamin...

E sim para o casamento da sua irmã... – deu continuidade, com uma voz rouca e, inutilmente, tentando imitar a mãe. – Eu sei, eu sei.

– Ótimo, está vivo. Anne quer que você ajude Charles com a despedida de solteiro de hoje a noite – ela não esperou para que o filho reagisse ou relutasse, ao contrário, saiu o mais rápido possível do quarto para evitar que Benjamin se recusasse a fazer algo. Dando-se por vencido, mas ainda extremamente cansado – e arrependido – por ter virado a noite assistindo filmes de comédia, ele ativou um alarme no celular para dez minutos e tampou os olhos com os lençóis, como de costume.

No entanto, sentiu que os dez minutos passaram como segundos e se viu mais uma vez acordado. Por uma mísera quantidade de tempo, pensou que havia despertado devido ao alarme, entrementes, reconheceu que a música que tocava não vinha do seu celular. Além disso, parecia ser alguma balada antiga demais para ele ouvir. Uma tentativa dolorosa demais para os ouvidos de Benjamin de alcançar o agudo na música Bohemian Rhapsody o fez recordar da sua colega de porta: Lucile Deschamps estava, aparentemente, às cinco horas da manhã com o som no máximo e cantando a todos pulmões. Sorriu automaticamente... céus, ele não conseguia entender, ou explicar, como poderia estar achando aquela cantoria horrível particularmente adorável, principalmente às cinco da manhã. Ele viu aquilo como uma oportunidade – ou uma desculpa – para falar com ela e rumou até o pedaço de madeira que os separava tenuamente. Quando deu a primeira batida na porta, achou que havia sido forte o suficiente para que pudesse ser escutada do outro lado, mas não fora atendido. Repetiu o mesmo gesto, agora mais com força e, em instantes, uma Lucile de roupão e toalha no cabelo o atendeu, acompanhada também de um enorme sozinho.

– Bom dia, jogador! – alguns fios de cabelo molhado caiam em seu rosto e ele pôde ver como as sardas de seu rosto se destacavam ainda mais após o banho.

– Bom dia, cantora – apesar de seus olhos estarem se esforçando o máximo para não fecharem ali mesmo por conta do sono, foi demasiadamente fácil manter os olhos aberto ao vê-la corando como uma criança. – Apesar de você cantar muito bem – ironizou. – Não precisava me acordar tão cedo.

– Ah, Pavard, não minta! – riu. – Sua mãe o acordou, não eu!

– Bem, isso é verdade, mas eu voltei a dormir, então tecnicamente você me acordou também... Espere, como você sabe que ela me acordou?

– Porque ela fez o mesmo comigo! – Lucile juntou as sobrancelhas e encenou uma cara de choro. – Mas, então, o que você deseja, senhor Pavard? Como posso o ajudar?

Ele não sabia o que dizer. "Apenas fiz questão de vir aqui falar sobre sua música, mas já brinquei e agora estou enrolando para ter que te olhar um pouco mais.". Foi quando sua língua se saiu mais rápida que seu cérebro e ele soltou:

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