A noite de volta da confraternização foi um momento de sorte para o Pricceli em questão, visto que todos estavam exaustos e que normalmente dormiam mais rápido em dias frios. Luccino e Otávio acompanharam o grupo até perto do quartel, onde os dois se separaram dos outros, visto que a casa do casal era quase ao lado do quartel, enquanto a casa dos Pricceli era dez minutos além.
Quando chegaram, todos foram direto para seus quartos. Edmundo e Fani acompanharam Nicoletta até a porta de seu quarto. Logo partiram para o próprio quarto e perguntaram à Ernesto, percebendo a imobilidade do rapaz, se ele dormiria logo.
"Acho que eu preciso de mais uns momentos acordado pro sono vir de verdade." Foi a resposta meio inventada que o casal ouviu.
Enfim só, o jovem italiano se dirigiu à varanda e lá pôs uma cadeira. Sentou-se diante do escuro com tons de branco da noite nevada de natal. As imagens captadas por seus olhos naquela noite estavam se reproduzindo diante dele. Era como se tivesse desmaiado em meio à neve e aquele momento fosse parte de um sonho. Era suave demais para ser real, pensava ele. Era lindo demais para ter acontecido.
Fora guiado pela força de um desejo reprimido por meses e intensificado com o passar do tempo até que se chegasse ao ponto sem retorno: o momento do beijo. Amara beijar aquele homem que ainda era seu melhor amigo. Será que tudo permanecia igual? Ou tudo mudara radicalmente? E, se mudara, fora para melhor ou para pior? Aquele sorriso, que ele notara surgir após o último dos olhares, dizia-lhe que algo mudara, mas que fora para muito melhor.
Fora recíproco, disso ele não tinha dúvidas. Camilo teria lhe interrompido caso não se sentisse bem com aquilo. A entrega explicava os batimentos acelerados do rapaz nos últimos abraços. Ambos apenas esperaram o tal ponto sem retorno chegar para, inevitavelmente, reagirem.
"Ernesto, meu caro carcamano" disse de si para si num tom de gemido "Chega de dar tantas voltas pra chegar no mesmo lugar."
A mente pareceu responder ao estímulo de seu mestre, direcionando o pensamento para algo que unia tudo o que já fora pensado em apenas uma frase que ele também disse num tom baixo:
"Ernesto, você ama o Camilo e ele, aparentemente, te ama também"
Mesmo sussurrando, foi libertador pronunciar finalmente as palavras "amar" e "Camilo" na mesma frase. Não era mais possível mascarar o sentimento no meio de admiração ou qualquer outra coisa. Estava, enfim, formado em uma frase aquele sentimento. Queria ter ficado mais alguns minutos na festa para entender olhando nos olhos deste príncipe aquilo que entendera agora encarando as estrelas. Desejava ter lhe dado um beijo após entender os caminhos desse sentimento. Desejava se deixar levar até aquele quarto no qual os dois apenas conversaram em todas as vezes que entraram. Desejava, já no quarto, voltar a ver um Camilo descamisado, ver aquilo que se escondia por detrás de suas roupas, deixar-lhe ver tudo que se escondia atrás de suas próprias roupas. Desejava beijar aqueles lábios sem que roupa alguma os separasse até que os dois se lançassem à cama e...
Ernesto interrompeu seus pensamentos, já estava começando a ter uma ereção pensando nessa torrente de desejos que dançavam ao redor de seu coração. Levantou-se, almejando se recolher. Olhou para baixo e viu o volume presente na calça. Ainda teria de por o pijama e, sinceramente, não sabia de que modo explicaria isso para alguém que pudesse aparecer. A vontade de dormir era maior que o medo de ser percebido; e o tesão era maior que ambos os sentimentos juntos.
Foi até o quarto e pegou o pijama por sobre a cama. Ouviu o ronco de Edmundo, presumindo que tanto ele quanto Fani já dormiam profundamente. Vestiu-se, jogou-se na cama e tentou dormir. A força de todos os desejos, porém, era maior que o sono de alguém não acostumado a penetrar na madrugada. Virou-se na cama até desistir de dormir e ir até a sala novamente. Pegou o mesmo pano que usara na noite anterior (e que lavara na tarde do mesmo dia) e regressou ao quarto.
Deitado na cama ele abaixou a calça do pijama e agarrou sua ereção. Isso foi o suficiente para que seu corpo se contraísse de forma quase convulsa. Seu coração batia com força e sua mão tomou vida própria. Iniciou-se como um sobe e desce lento e excitante que fez o italiano lutar contra a própria vontade de gemer alto o nome de Camilo. Sonhava com a nudez do rapaz, da qual apenas tinha ideias soltas. Lembrou do beijo, da forte sensação da ereção do pequeno príncipe enquanto os dois se roçavam. Como não podia gemer, arfava. Abafava o som no travesseiro e, por vezes, olhava a parede que dividia o quarto para tentar perceber qualquer possível som vindo da parte do quarto na qual estavam sua irmã e Edmundo.
Logo aumentou a velocidade, esforçando-se de forma sobre humana para manter os sons ambientes o mais silenciosos possíveis. Ergueu um pouco a camisa, deixando a barriga a mostra. Sua pélvis se movia como se estivesse penetrando alguém, aquele alguém. Ernesto estava chegando ao seu limite e seus pensamentos também. Seus delírios sexuais formaram a imagem de Camilo por sobre seu corpo, segurando a ereção. Esfregou a mão por seu torso imaginando que era ele quem esfregava essa parte. Sua mão chegou até seu mamilo, o qual foi manipulado por um pequeno espaço de tempo. Pequeno por conta do fato de que Ernesto não se aguentou e, finalmente, teve o orgasmo que tanto precisava. Gemeu com força contra o travesseiro e deixou que seu esperma caísse por sobre sua barriga exposta.
E, então, largou-se ofegante na cama. Esfregou o pano em sua barriga e em sua ereção que se desfazia. Chegando no órgão sexual, contorceu-se devido à sensibilidade pós-orgasmo. Lutou contra a falta de forças de seu corpo e se pôs de pé, indo até a sala para lavar o pano. De um balde pegou um pouco de água e lavou o pano rapidamente. Assim que o objeto estava limpo o suficiente, foi lançado em um ponto cego, do qual apenas Ernesto tinha conhecimento.
Completo o trabalho, voltou para a cama e despencou nela tal qual uma pedra. De novo desejara Camilo; e de novo tivera um orgasmo pensando no mesmo. Queria mais. O orgasmo solitário era intenso, porém incompleto. Queria ter o pequeno príncipe em seus braços, vestido e despido. Daria o primeiro passo depois do amanhecer, em mais uma de suas visitas à mansão Bittencourt. Não sabia como, mas sabia que era chegada a hora.
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Nosso Sonho
FanfictionDuas formas diferentes de descobrir uma parte de si. Ernesto e Camilo sempre foram melhores amigos, grandes confidentes e quase irmãos. Apesar disso, eles guardam oculta dentro de si uma parte de suas vidas. Camilo se atrai exclusivamente por homens...