Eu ainda não larguei mão da fanfic. É que a euforia pra chegar logo o capítulo do beijo foi tanta que eu criei 3 capítulos seguidos. E o impacto pelo momento finalmente chegando (e pela descoberta de que os olhos de Maurício Destri não são azuis) me travou nas últimas semanas. Eu espero conseguir pegar o ritmo de volta pra fechar a história antes das aulas voltarem.
As mãos dos dois estavam gélidas, mas seus corações ferviam. Camilo tinha medo de sofrer algum infarto tamanha era a velocidade dos batimentos de seu coração. Poderia manter seus lábios colados aos dele por dias em sequência. O frio da neve e do vento da noite era irrelevante dado o calor que seus corpos juntos produziam. Ernesto, porém, pausou o beijo e deu um pequeno passo para trás, olhando aquele rapaz que beijava tão calorosamente.
"Só tem nós aqui..." Disse Camilo, como que tentando despreocupar aquele que parecia recém ter recuperado sua consciência.
Ernesto riu. Sabia que eram os únicos restantes sob a neve e fora esse o impulso que precisava para dar aquele beijo que dera. Quis voltar ao que estavam fazendo, mas Camilo, mais rápido, falou:
"Melhor voltarmos lá pra dentro. Já devem ter dado por nossa falta"
"Tem certeza?" Disse o italiano se aproximando "Tá tão bonzinho ficar assim na neve."
"Tenho. Logo que derem por nossa falta, sairão em nossa busca." Afirmou Camilo, convencendo Ernesto.
Os dois, então seguiram lado a lado até o lado de dentro onde, surpreendentemente, ninguém chegou a perguntar pela razão de os dois terem demorado para entrar. Julieta, exceção à regra, perguntou rapidamente pela demora dos dois para voltarem e Ernesto, notando que Camilo travara um pouco, foi rápido ao responder:
"Eu queria relembrar essa sensação de neve natalina e..."
"...e essa sensação foi tão forte que me atingiu também e nos fez perder a noção do tempo." Completou o outro ao perceber uma pequena travada naquela fala.
A noite passou e com ela uma boa parte daquela energia que correra na rua. Ernesto ficou junto dos Pricceli e Camilo dos Bittencourt. Os dois não mais se falaram, sequer olharam o rosto um do outro pelo resto da noite. A mente do italiano, porém, estava tomada pelas sensações do beijo e, apesar de seus olhos não estarem sustentados nos do príncipe, ele sentia como se estivesse diante daquele homem.
Duas da manhã foi a hora em que os Pricceli decidiram se retirar do salão. Camilo, ao ouvir Nicoletta afirmar à Julieta que sua família estava partindo, voltou-se diretamente para o grupo. Ernesto tinha uma expressão neutra, a qual se iluminou quando percebeu que era observado. Camilo conteve o sentimento que se apossara dele ao olhar aquele italiano que, algumas horas atrás, beijara além do que sabia ser capaz de beijar.
Os Bittencourt e os Pricceli se encaminharam juntos para a saída da casa para as despedidas necessárias. Camilo abraçou levemente a todos e deu um forte abraço ao chegar em Ernesto. O italiano chegou a travar, mas logo retribuiu. Os dois se afastaram um pouco, sustentando sempre aquele olhar de quem beija sem beijar. Ninguém chegou a reparar isso, visto que estavam todos ocupados em se despedir uns dos outros. Era como se o tempo andasse em velocidade supersônica ao redor de seus corpos, mas sustentasse a velocidade normal entre eles.
Um toque de Luccino foi o suficiente para trazer seu irmão para fora desse transe. Ele bambeou as pernas, quase caindo, como se tivesse sido teleportado de volta para essa dimensão. Abraçou Camilo de novo, esquecendo-se do abraço já dado. Enfim, após essa despedida, os Pricceli partiram. Julieta se voltou para o interior da casa, a família inteira acompanhando. Todos se voltaram para trás, porém, ao ouvir o som de um tombo. Luccino aparentemente escorregara na neve ainda constante e caíra no chão. Otávio e Ernesto amparavam o acidentado. Julieta caminhou preocupada em direção à família, que fazia questão de dizer que tudo estava bem.
Os olhares dois dois apaixonados se cruzaram por meio segundo, fazendo o pequeno príncipe soltar um riso o qual aqueles que o rodeavam teriam pensado ser direcionado para aquele que caíra caso tivessem percebido isso. Ninguém, no entanto, deu uma real atenção para esse riso, já que o protagonista do momento era Luccino que, logo que se levantou, desculpou-se com todos.
Após o susto, os Pricceli finalmente partiram e os Bittencourt finalmente entraram na mansão. Não demorou muito tempo para Camilo, numa decisão meio surpreendente para Julieta, comunicar que se recolheria para seu quarto.
"Tem certeza? Ainda é cedo pra isso." Disse ela para o filho.
"Tenho. Eu estou com um pouco de dor de cabeça desde que eu saí da neve." Respondeu o rapaz de forma que a mãe não desconfiasse da mentira.
Ela, porém, não o liberou sem que ele passasse na cozinha para pegar algum remédio para dor de cabeça, do qual ele pegou uma pequena quantidade e a virou no ralo da pia, para que, ao olhar aquele frasco, parecesse que ele tomara uma quantidade mesmo que pequena. Da cozinha ele foi para o quarto, fazendo-se passar despercebido pelo salão.
No andar de cima seus pensamentos finalmente puderam se direcionar para aquilo que ele impedira de se tornar o assunto principal de sua mente: O beijo em Ernesto. O melhor beijo de sua vida. O beijo que ele não queria terminar jamais. O beijo teleportado direto de seu sonho constante para o mundo real. Já se vestira em suas roupas de dormir e aproveitara o dia excepcionalmente frio para pegar mais cobertores. Não demorou para dormir. E não demorou muito para mais um daqueles sonhos abraçarem seu corpo.
Logo que acordou, não tão suado quanto das últimas vezes, anotou o sonho no caderno:
Eu era capaz de ouvir claramente sua voz e isso me assustava. Eu estava parado diante dele, estático, encantado com cada detalhe daquele corpo. Ele não parecia mais apenas um sonho: era uma materialização real que, por alguma razão, eu via enquanto dormia. Ele disse "vem" e eu me assustei. Era a primeira vez que eu ouvia a voz do homem dos sonhos e era, de fato, a voz de Ernesto. Como eu não me mexi, mexeu-se ele. Chegou-se até mim me tomando em seus braços. A sensação era a mesma que eu já experimentara horas atrás sob a neve. Tocou a testa na minha, me chamou de "pequeno príncipe" outra vez e me beijou. Os detalhes daquela barba, daqueles lábios que eram tão suaves e tão fortes ao mesmo tempo, daquelas mãos que me seduziam com sua aspereza singular, cada detalhe da nudez daquele homem que, em contato com a minha nudez, me excitava. Não sei até que ponto são apenas delírios de um rapaz apaixonado e a partir de qual ponto são sinais de como eu poderia reagir após acordar. O que eu sei é que o "Ernesto do sonho", após o beijo, me disse claramente: "acho que já passou da hora de eu sair daqui". Eu não sabia o que isso queria dizer e estava prestes a pedir uma explicação. Antes que eu dissesse qualquer coisa, porém, ele me disse ao pé do meu ouvido, num sussurro: "faça-me real, Camilo..." e eu acordei.
Camilo sabia exatamente o que esse "faça-me real" significava. Sabia também que os acontecimentos da madrugada de Natal provavelmente significariam uma aceitação de Ernesto quanto a qualquer passo para frente que fosse dado. A questão era: Qual dos dois deveria dar o primeiro passo em direção a esse amor?
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Nosso Sonho
FanfictionDuas formas diferentes de descobrir uma parte de si. Ernesto e Camilo sempre foram melhores amigos, grandes confidentes e quase irmãos. Apesar disso, eles guardam oculta dentro de si uma parte de suas vidas. Camilo se atrai exclusivamente por homens...