q u a t r o

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                                       B HALL

— Meus netos! — a vovó é a primeira a se manifestar.

A vovó, não era biologicamente minha avó. Era a avó de Bill, mas nós fomos criados como família, então a família dele também era a minha. Isso causava um pouco de ciúmes nele, mas nada que a vovó não conseguisse controlar. E é por isso que ela o sempre abraça primeiro do que a mim, ou nos junta em um abraço coletivo, nós tocando desnecessariamente e de forma excessiva do que é permitido em vida, o que somos obrigados a fazer.

Ela o está abraçando agora não só pelo ciúmes infantil de Bill Carter, está o abraçando porque o seu corpo gordinho e de um metro e cinquenta era o único que poderia o livrar de toda a tensão e rigidez. Estou ouvindo sua mandíbula se contrair daqui.

Carter sorri por alguns segundos e suas mãos passam pelas costas da vovó, fazendo um carinho rápido. Ela ainda não o abandona, o abraça de lado e depois me lança um olhar, que recebo com compreensão.

Tudo bem, vovó, eu também sinto sua falta, mas posso esperar um pouco.

As mãos de Jordan agarram minha perna e eu sorrio instantaneamente. Estendo minhas mãos para meu pequeno e ele entende o recado, e logo o tenho em meu colo. Acho que Jordan também sente a tensão vinda de Bill, apesar de ser uma criança e não entender muita coisa, ele apenas sussurra que estava com muuuuitas saudades na minha orelha, eu sussurro o mesmo e encho o seu rosto de beijos.

Eu sorrio na direção de tia Alissa, que retribui gentilmente e de forma tímida, eu a entendo. Bill também está me dando nos nervos com toda essa pose. E tia Alissa costuma ser a mais calorosa de todos nós, é tão triste que ela tenha que se conter agora por causa do filho babaca. A minha mãe é a próxima a chegar o mais perto de mim o possível, beijando o meu rosto e dizendo que estava surpresa e com saudades, ela faz o mesmo com o Bill em seguida.

Eu não vejo uma razão explicável, mas ainda não movo um passo para longe de Bill. Eu nunca o vi assim, eu não sei, mas é como um instinto de proteção ao babaca.

— Eu não acredito que vocês estão aqui.

Eu sei que minha mãe pode ser mais animada que isso, mas algo está a impedindo. E é tudo culpa do Bill e do cara de barba na nossa cozinha.

— É a quinta-feira da lasanha e vocês estão aqui, eu realmente não posso acreditar. Venham, sentem-se, nós estávamos quase nos servindo.

Minha mãe aponta para os nossos lugares na mesa e todos nós fazemos. Eu fico feliz por nossa mesa ter mais de seis lugares, assim o cara da barba pode sentar do outro lado da mesa, longe de Bill e de sua raiva.

Jordan bate as pernas para sair do meu colo e o coloco no chão, e claro, ele corre na direção de Bill, e em menos de dois segundo está no colo dele. Só quando Carter começa a caminhar em direção a mesa eu me sinto segura para fazer o mesmo.

Vovó se senta na ponta, e do seu lado direito está Jordan, ao lado de Jordan está Bill e ao lado de Bill, sou eu. Em seu lado esquerdo, está minha mãe, ao lado da minha mãe está tia Alissa e depois o cara da barba.

Bill e Jordan estão sussurrando algo entre eles, algo que provoca risadas no meu irmãozinho. Eu volto a ficar relaxada por alguns segundos, ótimo, Bill Carter é capaz de sorrir novamente. O trauma não o afetou totalmente.

Minha mãe sempre colocou pratos no meu lugar e no de Bill. Era um jeito mórbido e estranho de nunca nos deixar de fora, mas era o jeito dela. Então agora, não houve problemas para nos servir.

Meant To BeOnde histórias criam vida. Descubra agora