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                                    B CARTER

Vamos embora.

Foi a única e última coisa que ela disse depois de passar os dedos pelos cantos da minha boca para limpar o seu batom vermelho que havia manchado a minha pele e seguir até a caminhonete.

E depois tudo se tratou de silêncio. Até mesmo fui incapaz de ouvir o som que a porta do carro fez depois do impacto forte da sua fechada. Não ouvi a música que tocou baixo no rádio quando ela mexeu seus dedos para ligá-lo. Tenho ciência que sua bota bateu contra o chão do carro, mas não me lembro do barulho.

O caminho até a fazenda se tratou de mais silêncio e uma espécie de tortura ao observar Barbara por olhadas rápidas na estrada calma. Agradeço pelas ruas estarem quase vazias, com tanta curiosidade sobre seus gestos, nós já teríamos batido a caminhonete.

Começou pela sua boca. Ela ainda estava inchada pelos meus beijos e levemente vermelha pelas minhas mordidas. O seu peito subia e descia, ela ainda estava ofegante mesmo depois de um quilômetro longe da casa de Greta. A Greta, porra, eu nem me lembro se ela ainda estava lá depois de Barbara ter me surpreendido ao colar sua boca na minha. Ok, isso não é importante. Me pareceu mais importante olhar para o seu dedo rasgando o tecido da sua meia-calça fazendo um furo enquanto ela brincava com a barra da saia e como ela nem percebeu aquilo.

Quando chegamos na fazenda, tudo começou a ficar mais estranho. Se tornou quase sufocante.

Barbara apenas sorriu e assentiu quando nossa avó, depois de fingir lamentar em falso, contar que havia restado apenas um quarto para nós dois dividirmos. Aquilo não fez apenas Colleen Kendall arregalar seus olhos claros e quase cair dura para trás, também quase provocou um ataque cardíaco precoce no meu coração. Barbara seria a culpada por duas mortes na família.

A saliva desceu com dificuldade pela minha garganta quando a vi subindo as escadas. Aquela bunda moldada perfeitamente em sua saia parecia cada vez mais distante de mim e não era só por conta dos degraus elevados com rapidez.

Preferia ter dormindo com as galinhas. E esse não é mais um dos meus insultos contra ela. As galinhas não teriam feito um forte de travesseiros no meio da cama e eu não teria que ficar preocupado com cada movimento brusco durante a noite. Sufocante pra caralho. Mal consegui dormir, e quando aconteceu, o motivo era por estar prestando atenção ao barulhinho que sua boca fazia quando estava dormindo. Não era um ronco, mas também não estava longe disso.

Fui o primeiro a acordar, e bom, adivinhe quem havia desfeito a muralha de travesseiros e deitado a cabeça em meu peito? Eu não sabia desfazer aquilo sem ficar estranho para nós dois.

No café da manhã, ela ao menos dirigiu o olhar para mim. Não se frustrou quando a vovó nos mandou organizar as flores e parte do resto da casamento como tarefa conjunta. Eu também não tentei fazer contanto. Eu não achei que o silêncio de Barbara poderia ser mais irritante que seus comentários ácidos. Estou lidando com ele há mais de doze horas. Você pode imaginar isso? Nenhum insulto ou olhares cheios de raiva que poderiam explodir a minha cabeça se ela fosse o X-Men.

Quando minha mãe leu seus votos de casamento na frente de seis pessoas e do seu novo marido, Barbara chorou, e tudo que fiz foi empurrar um lenço que vovó havia colocado na minha camisa social. O nosso silêncio teve uma mini quebra ali, ela sussurrou um "obrigada" enquanto fungava. Tão graciosa.

— Consegui encontrar Jack com Coca.

Coloco o copo com a mistura favorita dela sob a madeira que serve de apoio para a sacada.

Barbara dá dois passos para trás, colidindo com o meu ombro no fim do processo por conta do susto que a minha voz tão perto da dela causa, ou a minha presença, eu ao menos havia feito barulho ao entrar.

Meant To BeOnde histórias criam vida. Descubra agora