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                                          B HALL

— Está tudo bem com você? — Kieran me questiona, tocando a minha mão, me tirando de todos os meus pensamentos que estavam me perturbando com o toque áspero.

Nós estávamos voltando para casa, na verdade, para a minha casa. A festa de Colin havia sido estranha e difícil de ficar por mais de uma hora.

— Aham. Por quê a pergunta? — sorrio, afastando a sua mão. Ele coloca o olhar de volta na rua, estava dirigindo, e contudo, Kieran ainda era certinho demais para causar um acidente de trânsito.

Kieran ri um pouco.

— Você parece um pouco... irritada.

Olho para o sorriso cheios de dentes brancos de Kieran. Bom, isso me irrita. E um pouco do show de Bill Carter mais cedo me irritou também. Talvez seja o conjunto de toda a situação.

A qual me coloquei sozinha.

— Impressão sua, meu amor.

O respondo de forma genérica e ele não discute sobre isso, apenas concorda. Talvez esse seja o problema também.

Todas as coisas nas últimas semanas pareciam que estavam fadadas se tornarem um problema no final das contas.

E desde quando Kieran decidiu que reatar nosso relacionamento era uma boa decisão para nós dois, três semanas atrás, venho me questionando o que me fez aceitar ser sua namorada primeiramente.

Na verdade, eu tenho a resposta. Há anos antes. Mesmo antes de ter aceitado ser sua namorada.

Depois do desastre que Colin havia cometido em tentar me juntar com Bill Carter sem saber da nossa história, fiquei desesperada para entrar em um relacionamento. Ter Colin como outro elo comum com Bill era torturador, além de toda a carga emocional que era conviver em um vínculo afetivo com ele mais uma vez, éramos obrigados à passarmos as sextas-feiras e sábados no mesmo programa. Ah, sim. Eu era obrigada a assistir Bill Carter flertar com mulheres descaradamente. Colin fazia a mesma coisa, mas eu não tinha sentimentos enterrados pelo meu melhor amigo, então era fácil de encarar. O bichinho de ciúmes tomava o meu corpo e minhas noites se tornavam péssimas quando assistia Carter sair dos bares com uma mulher diferente enroscada em seu corpo à cada noite.

Kieran inicialmente parecia alguém perfeito para me tirar desse martírio. O via como um real pretendente disposto a tirar Carter do meu sistema e passar o resto da minha vida ao lado. Mas depois da minha última visita a Portland, percebi que enganei a nós dois todo esse tempo.

O meu namorado era perfeito. Perfeito como o boneco Ken. As suas roupas eram bem engomadas e os seus sapatos custavam o preço do meu carro popular. A sua família costuma ter as férias em Hamptons — apesar dele nunca ter me convidado e estou cada dia mais convicta do motivo — e ele tem o carro do ano. Apesar de ser bastante inteligente ele não conseguiu o seu emprego em um dos maiores escritórios de advocacia de NY  por mérito próprio e sim por conta do seu sobrenome e de como a família é influente.

Apesar de ele parecer plastificado e superficial, esses não são os meus motivos. Aparência não diz muito coisa sobre alguém. Uns dos problemas é que Kieran e eu não temos muita coisa em comum. E isso começa a se tornar um problema depois de anos em uma relação. Nos conhecemos há anos e ainda não me sinto confortável em coisas simples de um relacionamento ou do dia-a-dia com alguém que você passa a maior parte do tempo. Nós nunca tomamos banho juntos e não me sinto confortável em fazer xixi de porta aberta quando ele está em casa, e ele parece ser alguém que repudia isso. Gosto de coisas simples e de ser simples. Nada com ele é simples, tudo se torna uma grande coisa.

Meant To BeOnde histórias criam vida. Descubra agora