UM: KLAUS

30 2 0
                                    

HONOLULU, HAVAÍ

7 MINUTOS...


Esse era o tempo indicado para a remoção da carga segundo o que os informantes disseram ao general. São 23:23 e já estamos aguardando há cerca de quarenta minutos.

A visão que tenho é de um galpão envolto na penumbra com poucos feixes da luz da lua entrando pelas frestas do telhado danificado. O silêncio é absoluto de modo que consigo ouvir a respiração do agente ao meu lado. Calma e profunda, em certos momentos prendendo o fôlego como um caçador prestes a alvejar um animal que vem perseguindo durante horas a fio.

Apesar da pouca luz, posso enxergar a mão dele segurando firme a empunhadura da Mini14 apontada diretamente para os caixotes no andar térreo.

Estamos deitados em uma passarela suspensa. Imóveis. Camuflados na escuridão do recinto. Invisíveis.

Uma curta melodia de três notas ressoa aos meus ouvidos e levo o dedo do gatilho da arma em minha mão até o dispositivo preso à minha orelha esquerda.

- Estou ouvindo. - digo em voz baixa.

- Os vigilantes que estavam nos arredores já foram todos neutralizados. - afirma uma voz feminina do outro lado da linha de comunicação.

- Capturados ou mortos? - pergunto ainda em voz baixa.

- Capturados. - responde a voz. - Mas tem um ferido. Tive que atirar quando ele tentou fugir. Se eu não o detivesse, teria avisado sobre a operação.

- Não teriam, não. - interfere outra voz. Uma voz masculina dessa vez. - Invadi e bloqueei todas as linhas e comunicação em um raio de cinco quilômetros. Apenas as nossas estão funcionando.

- Eficiente. - admite a voz feminina.

- Eu sou. - fala a voz masculina sem o menor esforço para conter o ego inflado.

Sorrio.

- Shankar está cuidando do cara que atingi. - diz a voz feminina. - A bala pegou apenas de raspão, então alguns pontos no ferimento irão resolver.

- Entendido. - sussurro. - Mas mantenha-se alerta. Vou acionar você se algo sair do controle por aqui.

- Mal posso esperar. - brinca a voz feminina pouco antes de eu pressionar o botão e interromper a comunicação.

- Era ela? - pergunta o agente ao meu lado.

- Contenha-se, homem, estamos em uma operação. - murmuro e ouço o sorriso dele em seguida. - Quanto tempo ainda temos?

- Dois minutos. - responde ele checando o relógio no pulso.

O dispositivo ressoa novamente aos meus ouvidos.

- Na escuta. - digo.

- O drone captou movimentos próximos. - diz a mesma voz masculina que interferiu na ligação anterior. - Parece que nossos amigos se anteciparam.

- Entendido, Hiddleston. - afirmo. - Estamos preparados.

- Afirmativo. - responde a voz logo antes de eu interromper a comunicação novamente.

- Estão aqui, Joshua. - falo para o agente ao meu lado e consigo ver seus dedos se fechando ainda com mais força em volta do cabo da arma.

Quase que em sincronia, descemos os óculos de visão noturna até nossos olhos e aguardamos a entrada dos ladrões de carga.

Cerca de trinta segundos depois, é possível ver as luzes se movimentando do lado de fora do galpão. Faróis. O motorista do veículo manobra de forma ágil e coloca os fundos do caminhão de frente para a porta de saída do galpão.

LEAD SCARSWhere stories live. Discover now