2 - Ele simplesmente me propôs um pacto

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Eu moro no Rio de Janeiro desde que me entendo por gente e adoro esse lugar...Na maioria das vezes.

Geralmente aqui é muito quente, tipo muito mesmo. E isso faz com que minha conta de luz seja altíssima, porque ar condicionado é basicamente tão importante para a sobrevivência quanto água hoje em dia. O único que reclama disso é meu pai, já que é ele quem paga a conta.

Mas durante o dia eu tento fazer o máximo de atividades possíveis na rua, pra não ficar completamente enclausurada em casa como o Adam Lanza ou algo pior. Uma dessas atividades é pintar. Eu vou praticamente todas as tardes à um atelier que fica a um quarteirão da minha casa para ter aulas de pintura com uma professora muito legal: A Sr. Ane Marie. Ela diz ser francesa, até fala com sotaque francês, mas tenho minhas dúvidas.

Apesar da identidade falsa, ela sempre se mostrou muito atenciosa comigo, e o atelier dela é reconfortante e me trás muita paz. Lá é definitivamente o lugar que eu mais passo tempo depois da minha casa. Uma vez ou outra a Alicia me acompanha só pra ficar observando, mas ela fica reclamando que esse tipo de atividade não é pra ela, pois pintar leva tempo e é muito chato.

Algumas vezes, sento em frente à janela do atelier com minha tela, e vejo Rhavi passar com o irmão mais novo para levá-lo a quadra esportiva perto de lá. Como eu sei disso? Bom, digamos que eu saiba algumas coisas sobre a vida de Rhavi. Não muito! Mas eu sei onde ele mora (três quarteirões da minha casa), a lanchonete preferida dele, onde fica a academia que ele malha, sei que todo sábado ele pesca com o pai e todo domingo vai na casa da avó. Sei também que ele se dá muito bem com o irmão mais novo, e também sei que frequentemente ele passa na frente da minha casa para ir até a casa da Lana.

Só isso que eu sei, espero que não signifique que seja louca...demais.

Depois de um fim de semana suficientemente bom - graças aos livros que eu passei lendo, voltei para a escola na segunda me sentindo extremamente indisposta para assistir uma aula de matemática de quase duas horas de duração. Ô tortura. Alicia estava sentada à minha esquerda e Rhavi e Lana juntos à direita. Uma ideia idiota do professor, juntar o segundo e o terceiro ano para assistir à uma aula especial de matemática.

Procurei evitar olhar para aquela direção o máximo que pude, mas minha visão lateral observava beijinhos dos dois durante o tempo todo. Tomara que peguem herpes, ratos.

Quando a aula finalmente acabou, mal esperei o sinal tocar para pegar minhas coisas e sair voando pela porta. E Claro, Alicia viria logo atrás de mim.

- Eei! Eu sei o que tá te incomodando, mas esquece isso! Você precisa esquecer o embuste do Rhavi.

- Você tá certa, eu não deveria ficar desse jeito. Nunca fui correspondida, essa merda toda só existiu na minha cabeça mesmo... Mas não suporto ver a Lana feliz com ele, sabendo que ela merece um garoto tão horrível quanto ela.

- May, O Rhavi não é bem um exemplo de pessoa, né... Ele também é meio nojentinho, você tem que concordar.

- É... é. Eu concordo. - Eu disse passando a mão pelo rosto. - Só vamos esquecer isso e ir comer alguma coisa, se eu não comer nada vou morrer na aula de filosofia!

Fomos até a cantina e pegamos um biscoitos, depois nos sentamos no refeitório para conversar mais. Seria uma linda conversa normal, se não fosse a voz esganiçada de taquara da Lana.

- Oi, Mayleca! - Outro apelido carinhoso inventado pra mim, devido ao dia do resfriado. Ela me chamou com aqueles dentes perfeitos abertos em um sorriso debochado. - Sabe, se eu fosse você, não comeria essas merdas da cantina. Você já não é muito magrinha, se ficar comendo isso vai acabar explodindo.

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