O tempo vai passando e as coisas continuam acontecendo. Rhavi tira um tempo da vida dele pra me dar aulas de direção e eu tiro um tempo da minha pra ensina-lo matérias importantes pra prova.
Percebi nele algumas vezes um certo medo a respeito dessa prova, eu vi que ele não tá tão confiante, então peguei um simulado com base nas matérias que tenho passado pra ver como ele se sai. De 40 questões ele acertou 15, um número muito baixo se for comparar com os outros competidores que certamente também estão estudando feito loucos. Quando a expressão "estudando feito loucos" passou pela minha cabeça, me dei conta de que ano que vem vai chega a minha vez. Esse desespero pra entrar numa faculdade deixa as pessoas loucas, tenho medo de que isso acabe comigo. Pelo menos eu sei que não serei a primeira nem a última a passar por isso, afinal: Olha o Rhavi aí.
Ele tem lidado muito bem com essa pressão, só dá uma leve fraquejada as vezes, eu que sou muito boa observadora e vejo os sinais que ele dá. Aliás, tudo que eu tenho feito é observar algo em Rhavi que possa ser um bom sinal, se é que vocês me entendem.
Como eu já disse, as aulas de direção continuam acontecendo, em algumas semanas eu peguei a confiança de dirigir pra lugares próximos, até fui na casa de Alicia com meu carro. (UAU, senhoras e senhores, se não é um avanço!) Rhavi é o professor mais orgulhoso do mundo, ele se sente muito satisfeito em ver que eu sou uma boa aluna. Espero que eu também me sinta assim quando ele passar na prova (pensamento positivo) mas talvez outro sentimento me consuma devido a sua partida. Bad.
Nesse meio tempo, onde tudo está indo bem com Rhavi, recebi duas cartas do meu amigo "anônimo" de São Paulo, ele me diz que haverá um evento na loja e me convida pra participar.
Eu poderia até pensar que esse menino dá em cima de mim, mas lembro que nunca nos vimos. Eu já pedi o WhatsApp dele pra gente conversar, mas ele não quer que as cartas morram, eu super entendi, porque, pensando melhor, é melhor enviar cartas uma vez ou outra do que ter um possível amigo chato no WhatsApp. Um dia quem sabe nos conhecemos. Enfim, não vou me preocupar com esse menino agora, tenho mais o que fazer.
Rhavi me convidou pra ir ao cinema com ele e Elvis, eu fiquei mega empolgada, adoro a companhia do Elvis. A propósito, ele terminou o trabalho com a minha mãe e tirou 10. Agora os dois são grandes amigos, o Elvis sempre visita a loja da minha mãe, disse que quer ser floricultor.
O Rhavi acha graça porque nunca viu o Elvis tão empolgado com uma coisa que não seja videogames, e é lindo a maneira como o ele descobriu que gosta de tudo que tem a ver com a natureza. Quando meu namoro com Rhavi acabar, espero que Elvis não fique chateado comigo, e que nossa amizade continue.
Essa nossa saída ao cinema vai ser bom pra tirar um pouco a tensão de Rhavi, vai me distrair também, é sempre bom ver um filminho. Quando chegamos ao cinema, a discussão da vez foi: que filme vamos ver? Elvis se interessou pela capa de um filme para maiores de 18, Rhavi obviamente disse "não". Eu queria ver um filme de ação com um banner que mostrava dois caras gatos muito bem armados, Rhavi também não quis. Adivinhem só a que filme ele queria assistir? As aventuras do Pequeno Capitão. Isso mesmo, quem diria que por trás dessa postura de machão do Rhavi existiria um menino que gosta de filmes de desenho?
Ninguém queria abrir meu de ver o filme escolhido, então tiramos na sorte (pedra, papel e tesoura). Rhavi ganhou, então fomos assistir As Aventuras do Pequeno Capitão. Compramos os ingressos, biscoitos pro Elvis e pipoca pra mim e Rhavi, além dos doces é claro, não podíamos nos esquecer dos doces.
A sessão estava marcada pra começar as 16:30 eram 16:00, como tínhamos uma folga de meia hora andamos um pouco pelo shopping olhando as lojas. Eu entrei correndo na livraria como uma criança que vê o Papai Noel, deixando Rhavi e Elvis pra trás. Fui passando pelos livros lendo as sinopses pra ver se alguma era do meu interesse, precisava de histórias novas. Sabe como é né, minha vida estava entediante demais.
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Flores de Plástico
RomanceCom 17 anos, Maia Lyn vive de forma pacata na cidade do Rio de Janeiro, sem muitas emoções e histórias pra contar. Com sua amiga Alicia como sua única companhia no colégio, as duas passam constantemente por momentos horríveis, causados por Lana Reis...