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Ao tentar arrumar a bagunça que estava o meu quarto, tropeço numa almofada que tivera caído chão, deixando cair todos os livros que carregava nos meus braços. Sentei-me no chão, vencida pelo cansaço, não físico, mas psicológico.

O meu olhar ficou preso nos romances que sempre adorei ler, suspirando, vendo que a minha vida se tornou numa tragedia romântica. Ou então estou a romantizar demasiado a situação, pois drama tem de sobra.

Quanto mais penso no que sinto pelo Louis, tentando encontrar uma justificação para as minhas emoções que são muitas e diferentes, menos me compreendo. Tanto sinto raiva, como saudade, tanto não suporto ouvir falar dele como quero estar junto dele e o abraçar, tanto ele me leva à loucura com a sua maneira de ser, como fico igualmente louca quando ele está perto de mim e me beija. Se isto é realmente amor, eu não sou boa nisto, porque é demasiado complicado, é algo confuso e um quanto intuitivo. Não gosto do facto de não controlar os meus pensamentos que são sempre dele e muito menos de não controlar o meu corpo quando estamos juntos. Tem sido tudo sobre ele desde que o conheci. Sinto-me curiosa sobre isto tudo, e também um quanto ansiosa, nunca estive tao perdida na minha vida, nunca estive do avesso desta maneira.

Talvez eu só esteja doente, infetada com a ideia de que realmente nos podemos amar um ao outro como fazemos nos meus sonhos e talvez assim, tomar as rédeas da minha vida, mas com ele ao meu lado. Será que conseguimos ultrapassar tudo o que nos separa para ficarmos juntos?

Eu não tenho certezas de que quero estar com ele ou só junto dele. É complicado sentir, é tao complicado ser humana!

Perante isto, não é somente o meu quarto que está um caos, a minha vida também. Mas pelo menos, é mais fácil começar por arrumar esta divisão do que o meu coração.

Não converso com o Louis há mais de 24 horas e não posso dizer que não sinto falta disso. Mentiria também, se dissesse que não estive prestes a lhe enviar uma mensagem vezes sem conta, contendo-me graças ao meu bom senso, que de bom não tem nada ultimamente. Quero muito resolver a minha vida mas tenho muito medo de enfrentar o Brad, pelas minhas contas ele chega amanhã e eu terei de lhe dizer tudo o que se passou e não sei como o fazer.

A consciência tem pesado tanto!

Um toque na porta despertou-me dos meus pensamentos, deve ser a Ella a perguntar se está tudo bem pela milésima vez. Não faço ideia se ela sabe de tudo o que se passou na noite do seu aniversario, sei que ela e o Louis são muito amigos e por isso não sei o que ele lhe pode ter contado. Não tive coragem de confessar o meu erro, sou uma traidora, e tenho estado no meu canto por causa da minha culpa e pelos meus pensamos atropelados. Irei contar-lhe tudo, mas primeiro, tenho de conseguir pensar claramente.

Não é pelo facto de não confiar nela, mas sim porque preciso de espaço.

Quando dei permissão para entrar no meu quarto, agradeci a deus por já estar sentada no chão ou iria cair redonda de tao nervosa que fiquei.

Uns olhos castanhos, tristes, encontraram os meus e o tamanho da minha culpa triplicou, deixando-me imóvel enquanto baixava o meu olhar.

- Brad? Estás... não sabia... o que fazes aqui? – Estava tao controlada pelos nervos que nem uma frase conseguia formular, muito menos encará-lo.

- Vim ver a minha namorada depois de estar semanas fora, mas também não precisas ficar tão feliz por me ver. - A sua voz carregava tanta ironia como magoa.

Não creio que ele saiba o que aconteceu com o Louis, mas eu tenho a certeza que ele sabe que algo aconteceu. Alias, fui eu que lhe disse que tínhamos de conversar e evitei-o a todo o custo depois disso! Era obvio que ele me viria cobrar os meus atos.

Do Avesso 1Onde histórias criam vida. Descubra agora