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De volta a 15 de maio de 2015



 "Estou a dizer que, apesar de não admitires o que sentes por mim eu sei que sentes o mesmo que eu! Por isso as 7h de amanhã, vou estar à porta de minha casa à tua espera. Se até as 7h30 não chegares eu irei sozinho, mas podes ter a certeza de que nunca mais olharei para a tua cara, iras-me perder. Agora tu é que sabes se queres ser burra a tua vida toda, Jess."


Assim que o Louis saiu pela minha sala uma sensação estranha apoderou-se do meu peito. Foi uma mistura de pânico, incerteza, medo e raiva. Tanta raiva!

Como pôde ele meter-me entre a espada e a parede depois de tudo o que aconteceu?

Como teve a audácia de me lançar um ultimado como aquele?

O que eu sinto vale assim tão pouco?

Todos os medos, inseguranças e frustrações que eu tenho vindo a travar para organizar a minha vida, por ele, são tao insignificantes assim para ele?

Tudo bem que eu acho que eu tenho um problema de comunicação sobre o que possuo no meu mais profundo e intimo ser, mas se ele me conhece tao bem como diz, como não entende que eu estou insegura?

Peguei na minha raiva, e no meu carro, e saí por aí. Eu estava enlouquecida, completamente chateada e não conseguia sequer ver pessoas. Conduzi por tanto tempo que não sei onde fui parar.

Saí do carro perto de um rio rodeado por um género de floresta, dei graças a Deus por ter calçado ténis hoje, porque comecei a correr tanto e tão rápido que não vi mais nada á minha frente. Eu precisava de descarregar toda a raiva que tinha no meu corpo.

O Louis. O Brad. O James. A minha vida. Tudo estava a dar comigo em maluca.

Tudo veio à minha cabeça como um filme! O início do meu namoro com o Brad, a nossa relação linda, a minha mudança para New York, a maneira como conheci o Louis, a maneira como ele começou a mexer comigo, entendi quando me comecei a afastar do Brad, percebi como errei com o Brad e com o Louis. Fui orgulhosa, teimosa, insegura e nada coerente.

Eu não sou perfeita e acho que procurei a perfeição em toda a minha vida e por causa disso, nunca fui realmente feliz e comecei a colecionar demónios interiores.

Foi isso que me fez apaixonar pelo Louis. Eu não precisava de ser perfeita com ele, ele viu-me sempre no meu pior e mesmo assim quis ficar. E isso deixa-me assustada, mas um pouco aliviada.

Foi bom voltar ao passado, embora eu não tenha chegado a um consenso comigo própria. É uma história totalmente virada do avesso, a minha vida ficou do avesso, mas os meus sentimentos estão claros. Depois de recordar os últimos 3 meses, e de tropeçar umas quantas vezes, eu entendi.

Eu não odeio o Louis, ele só tem o dom de me irritar às vezes, mas também me faz sentir leve como nunca me senti antes e isso causa um medo insano em mim, levando-me a sentir raiva dele. A minha relação com o Brad também não era uma relação perfeita e agora eu vejo que apesar de ele ser uma pessoa especial, eu nunca o amei realmente. Amor fica, a paixão com o tempo esmorece.

A raiva dispersou um pouco, consigo ver mais claro agora, porém continuo sem saber o que fazer. Eu preciso de espaço e odeio quando ele me pressiona desta maneira. Odeio o facto de tudo ter de ser como ele quer.

Sei que ele gosta de mim e que já o magoei, mas afetada da maneira que estou agora, psicologicamente, não sou boa a tomar decisões, nem sou boa para estar perto de ninguém.

Do Avesso 1Onde histórias criam vida. Descubra agora