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- Vamos almoçar? – A voz do Dallas soa naquela sala fechada.

- Não tenho fome. – Respondi sem mover o olhar do computador à minha frente.

Percebi o seu movimento, levantando-se da sua cadeira e andando até mim. Mas não me movi.

- Vá lá, Jess. Precisas de te alimentar e uma pausa iria fazer-te bem. Estás com um ar tao cansado.

É realmente como eu me sinto. Cansada.

Não preguei olho depois de terminar a minha relação com o Brad e ter discutido com o James, tudo no mesmo dia. Ontem foi um dos dias mais complicados da minha vida.

Estou a perder o controle de tudo à minha volta e o pior de tudo é não ter mão na minha própria vida. E não bastava isso, veio também um bónus, a insegurança. Estou muito confusa com o que realmente quero para a minha vida.

Tenho sentimentos pelo Louis, e disso eu já não consigo fugir, não posso controlar os meus sentimentos, mas posso controlar os meus atos. Não é seguro para ele estar comigo, uma pessoa inconstante que não sabe nada sobre emoções. E ele sente tanto, ele dá tanto às pessoas que eu não sei o que lhe posso oferecer.

Estou assustada, tao assutada com a dependência que posso criar com este sentimento. Esta noite imaginei-me no lugar no Brad, imaginei que era o Louis a abandonar-me como se nada fosse porque encontrou outro alguém e eu comecei a sentir uma enorme tristeza dentro de mim. Passou pouco tempo desde que nos conhecemos, mas sei que vivemos o suficiente para eu me apaixonar por ele.

Ele não é perfeito, mas não o esconde, e eu acho que foi por isso que fiquei louca por ele. Eu sempre tentei ser a melhor imagem de mim, lutando pela minha independência, aperfeiçoando-me no meu trabalho, melhorando a minha imagem e escondendo o caos que eu sempre fui, mas tento ignorar isso dia após dia. Sou tao diferente dele, e tenho medo de fazer com ele o que fiz com o Brad.

Com a nossa conversa de ontem, eu notei que o Brad sempre me sentiu pela metade, era eu sozinha, mas com ele e eu dou-lhe razão. É muito difícil para mim meter a minha vulnerabilidade nas mãos de alguém, e mostrar que aqui mora alguém vazio. Mas mais que isso, tenho medo de que alguém preencha esse vazio e me quebre.

Um coração partido quebra todo o nosso corpo e a nossa mente.

Talvez eu não saiba amar porque eu nunca quis realmente amar alguém, mas acho não ter escolha desde que aquele bichano entrou na minha vida. Mais do que ama-lo, tenho medo que ele me ame tanto que me faça depender de um sentimento. Já vi tantas pessoas a destruírem-se por amor.

É mais fácil odiar, quando do odio não se esperada nada. Pois o amor cria tantas espectativas e daí vem a dor.

- Jess? Estás-me a ouvir? – Uns dedos estalaram diante dos meus olhos, fazendo-me encarar o Dallas, confusa. – No que estavas a pensar?

Perdi-me em pensamentos, novamente. Não faço mais nada senão afogar-me nas minhas confusões.

- Sobre ontem. – Admiti suspirando.

- Oh linda... – Ele suspirou também, ajoelhando-se à minha frente. – Sabias que ia ser complicado quando falasses com o Brad e sei que aquele idiota do teu primo não ajudou nada, mas as coisas vão melhorar. Mas tens de seguir a tua vida, e não ficar deprimida.

As suas mãos afagavam os meus ombros, encanto o seu olhar me transmitia conforto.

- Não sei o que fazer. Não sei como vai ser quando vir o Louis. – A minha voz saiu baixa, e encarei os meus dedos em cima das minhas pernas.

Do Avesso 1Onde histórias criam vida. Descubra agora