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Faz hoje, exatamente, 19 anos que nasceu uma das minhas melhores amigas e se esta festa não é tudo o que ela merece, então eu acho que falhamos redondamente. Mas presumo, pelo rosto emocionado da Ella quando entrou neste club e viu todos os seus amigos, familiares e conhecidos mais próximos, ela ficou muito feliz. E isso era tudo o que mais queríamos.

O Dallas foi incansável para que tudo estivesse o mais maravilhoso possível, começo a ter certezas de que eles foram mesmo feitos um para o outro. Ele é incrível para a minha amiga e ela merece isso e muito mais.

A música estava boa, o ambiente no seu melhor e eu embora me tentasse divertir, os nervos miudinhos em mim, não me permitiam desfrutar de tudo ao máximo.

Parece que passaram meses ou até mesmo anos, equiparados aos dias que eu não vejo ou falo com o Louis. Sei que ele anda por aí, está a ajudar o Dallas com a surpresa para a Ella, mas ainda não o vi e então eu dou por mim com os meus olhos postos em todas as pessoas esperando que algum destes rostos seja o dele. Mas nenhum deles o é.

Deixei a Ella com a Perrie na pista e fui até à casa de banho. Em frente ao espelho, ajeitei o meu vestido decotado, preto, longo mas com uma racha que mostrava a minha perna direita e por fim retoquei o meu batom gasto devido à bebida.

Suspirei, apoiando as minhas mãos no lavatório e encarei o meu rosto cansado. Ele só fez o que eu lhe pedi, eu tenho noção disso, mas também sei que o magoei e isso era a última coisa que eu queria. O Louis não precisava levar tudo tão à letra, não precisava de simplesmente desaparecer da minha vida.

Têm sido dias complicados.

Não é ridícula a ideia de pedirmos a alguém para nos dar um tempo, para se afastar e do nada só esperamos algo vindo dela? É a logica mais retorcida de todos os tempos, quando lhe pedi espaço, mas sempre que o meu telemóvel toca eu vou a correr com a esperança de ser ele e fico desiludida por não ser. Ou então, por querer mais que tudo, o encontrar naquela pista de dança e o agarrar...

O que ele fez comigo? Eu não me entendo. Sinto que a minha mente e o meu coração andam numa constante luta entre o que eu quero e o que eu preciso.

Saí da casa de banho e fui até ao bar, pedido uma bebida mais forte, preciso de descontrair ou não vou aproveitar nada desta noite.

Assim que me aproximei do meu grupo de amigos, deixei o som tomar conta do meu corpo, mexendo todas as minhas curvas enquanto aquele líquido queimava a minha garganta.

Quando movimentei a minha cabeça na direção da mesa de som, uns olhos estavam postos em mim. Não uns olhos quaisquer, uns olhos azuis penetrantes que logo se focaram nos meus.

Por momentos, fiquei imóvel, mas dei mais um gole na minha bebida movendo o meu corpo calmamente ao som da música. O seu corpo balançava, parado, enquanto ele segurava um copo de cerveja na sua mão e me estudava com o seu olhar. Não querendo ser paranoica, mas tudo pareceu estar bem, a maneira como ele me olhava fazia-me pensar se ele compartilhava comigo o mesmo dilema interior. Não sei quanto mais tempo isto ia durar, não sei se algum dia eu iria conseguir explicar tudo o que sinto ou se ele me iria compreender, mas eu queria parar este momento porque finalmente, ele estava diante de mim e toda a sua atenção era minha.

E eu continuei a dançar com as minhas amigas, enquanto ele falava com o Dj, possivelmente sobre a música que o Dallas vai cantar para a Ella.

Disfarces só adiam o inevitável, mas ali estávamos nós, a beber as nossas bebidas, fingindo que não estávamos a olhar um para o outro, à espera que algum de nós tomasse uma atitude. Mas o que posso esperar, se fui eu mesma que lhe pedi distância?

Do Avesso 1Onde histórias criam vida. Descubra agora