8. Santa Claus

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"Você pode me dar uma última chance de corrigir isso?"
- Daughtry, One Last Chance

"Eu estou tão apaixonado por você

E eu espero que você saiba
- James Arthur, Say You Won't Let Go

"Não tenho nada além de você na minha mente"
- Lewis Capaldi, Grace

[Lauren Jauregui's Point of View]

Senti alguém se enfiar desajeitadamente sob o cobertor ao meu lado. Camila. Não era preciso ser um adivinho para saber. Um arrepio percorreu meu corpo ao senti-la ali tão perto. O que ela está fazendo aqui?, uma parte de mim quis saber, a maior parte, na verdade, aquela que costumava surtar silenciosamente por cada pequena coisa relacionada à ela.

- Lern, eu tô com frio, chega pra lá - ela pediu. Porra, o apelido, de novo. Eu não conseguia ficar com raiva daquela criatura quando ela me chamava por aquele apelido, que só ela usava. Grunhi, ainda de olhos fechados, tentando manter minha postura fria, e cedi espaço para ela se acomodar. Normani ressonava do outro lado do banco, em sono profundo.

Tentei ignorar Camila por um tempo (o que era muito, muito difícil, diga-se de passagem), mas podia sentir seus olhos fixos em mim. A fitei.

- O que foi? - percebi que meu tom foi ríspido demais, mas não me dei ao trabalho de me corrigir.

Ela demorou a responder.

- Nada - mordeu o lábio inferior em indecisão, e meus olhos foram atraídos para aquele ponto, contra os protestos do meu cérebro de "não olhe". Ela parecia querer dizer mais que aquilo. Passaram-se quase três minutos inteiros (sim, eu contei, cada segundo sentindo seu cheiro tão próximo que foi um martírio) até que ela voltasse a falar: - É que... sobre mais cedo, eu... eu não quis dizer realmente o que eu disse... - meu coração se aqueceu um pouco com suas palavras hesitantes, mas uma parte de mim (a orgulhosa, que tinha falado mais alto na maior parte do dia) insistiu que eu aguardasse o pedido de desculpas que certamente viria. Camila baixou o olhar para os padrões geométricos da manta vermelha que nos cobria. Vai, continua - Eu fui... boba, e... eu... ah, sei lá, Lauren, eu só estou cansada e quero ir pra casa logo e...

- Não quer ver as crianças? - perguntei, um pouquinho ressentida. Seus olhos castanhos pareciam chocolate derretido. Ela sorriu fraco.

- Claro que quero. Você me entendeu - Camila fez beicinho, se parecendo ainda mais com uma criança.

- Sim, eu entendi - assenti. Busquei seus olhos e sustentei seu olhar pelo maior tempo que pude. Suas bochechas estavam coradas, talvez pelo frio, talvez por alguma outra coisa que eu não conseguia reconhecer.

- Me desculpa? - ela pediu baixinho.

Assenti outra vez e ganhei um sorriso Camila em troca, daqueles que a fazia enrugar o nariz, com a língua entre os dentes.

Respirei fundo, escolhendo as minhas palavras.

- Me desculpe também. Por colocar vocês nessa, por ter perdido a Ally e a Dinah e por não ter ideia do que fazer agora.

- Tudo bem, nada disso foi realmente culpa sua, esqueça o que eu disse antes - ela bocejou - Estamos quites agora.

- Quites - ecoei. Nos olhamos por um longo tempo, simplesmente sustentando os olhos uma da outra, embaladas pelo assobio do vento e pelos sons da lanchonete ao fundo. Me permiti trazer à superfície da minha mente alguns dos pensamentos que ficavam guardados lá no fundo, enquanto tentava absorver cada detalhe do rosto dela. Uma pinta na testa, a linha de seu queixo, o castanho profundo de seus olhos, emoldurados por cílios longos e espessos...

Where's Santa and his sleigh???Onde histórias criam vida. Descubra agora