Capítulo 6

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Manuela

Ele sabe.
E agora acha que sou uma mentirosa.

Saio da cama enrolada nos lençóis chamando seu nome, mas não tem sinal dele, nem do carro.

A porta da frente bate insistentemente por conta do vento. Quando tento fechá-la, ela bate com força, partindo o vidro em minha mão.

— Merda! — Grunhi de dor com o corte na mão.

Ele saiu nessa chuva. Sozinho.

Levo a mão à cabeça sem saber o que fazer. Meu coração estava acelerado.

Ele me odeia, e eu nem consegui explicar o que aconteceu. Sinto um incomodo no pé da barriga e respiro fundo tentando não me alterar. Pego a maleta de primeiros socorros no armário do banheiro e limpo o ferimento, passando remédio e finalizo com uma atadura.

Uma hora se passa e nada dele voltar para casa. Me mantenho na cama repousando. Tentando me manter a mais tranquila possível, mas a dor parece piorar.

Gabe

Eu ainda estava puto quando voltei para casa, mas eu precisava confrontá-la. Precisava entender tudo. Rodei a cidade por horas de carro, só para colocar a cabeça no lugar e me sentia mais calmo. Pronto para uma conversa.

Quando entrei percebi que algo não estava certo. Primeiro pelo sangue no chão, junto com o vidro da porta e depois porque a casa parecia vazia.

— Manuela — Gritei, mas ela não me respondeu.

Corri de cômodo a cômodo e ela não estava em lugar algum. Mas que merda, onde ela se meteu? Será que ela foi embora? Não, ela não pode ter ido embora.

Tento ligar, mas seu celular toca em cima da mesa da cozinha.

Corro até seu quarto e tudo está do mesmo jeito, então olho para o mar. Ela estava mal com tudo, será? Não, não, não, ela não pode ter feito isso.

Observo o mar revolto.
Ela não fez isso.
Não fez, não fez.

Me assustei com batidas na porta recém quebrada.
Era o cara que estava com ela ontem na praia.

O que ele quer?

— Gabriel? — Ele diz assim que aproximo.

— Sim — Ele me olha com pena?

— É sobre a Manuela, ela passou mal e eu a levei para o hospital — Meu coração gela.

— Como assim passou mal? — Pergunto desesperado.

— Eu não sei direito, ela foi atendida, mas ela pediu para que eu viesse te avisar, porque ela esqueceu o celular em casa e também pediu para que levasse os documentos dela — Agora ele parece me julgar por eu não estar em casa.

— Obrigado por me avisar, em que Hospital ela está? — Ele assente.

— Ela está no Hospital Almeida Neto.

— Obrigado — Ele acena e se vai.

Troco a roupa molhada por uma seca e pego a carteira com os documentos dela e a chave do carro.

Quando chego ao Hospital e eles me encaminham para o quarto que ela divide com mais três mulheres, porém não encontro a Manuela que viajou comigo, mas sim a Manuela que vi naquela cama em sua casa. Triste e abalada.

— Manu — Ela se vira e olha para mim. Seus olhos se enchem de lágrimas mais uma vez.

— Oi, pensei que não fosse vir — Ela diz e desvia o olhar.

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