24 - Aquele em que eles se conhecem;

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Acordei no sábado perto das sete e meia da manhã. O dia felizmente amanheceu ensolarado e a temperatura se aproximava dos 25ºC.

Antes de sair, eu precisava arrumar as coisas de Lily pois ela ficaria na casa do Freddie, na medida em que eu voltaria tarde e não queria deixá-la sozinha por tanto tempo. Era realmente como ter um bebê - certamente mais fácil do que um bebê humano -, mas eu estava adorando a experiência.

Eu passaria na casa de Janis por volta das oito e meia, e a felicidade por ela ter topado o passeio comigo não cabia em mim. Na verdade, eu estava quase literalmente pulando de alegria. Estaríamos juntos durante um dia inteiro e isso era tudo o que eu mais queria depois da noite incrível que tivemos na quinta-feira.

Não. Não aconteceu nada, nem mesmo um beijinho; sinto muito desapontá-los. Porém, eu fiz algo muito mais grandioso e louvável: a fiz gargalhar diversas vezes, descansar a mente depois de um dia exaustivo de trabalho, e terminar a noite dizendo que estava com saudade das nossas conversas. Ela tinha saudade de mim, afinal. Ainda podia ouvir várias frases precisamente em minha cabeça.

"Sabe, eu amei o fato de você ter mandado flores junto com a sua primeira carta." Eu lembro de ter dito despretensiosamente, ao lembrar do pequeno ramo de lavandas, que, no final das contas, me inspirou a planejar o dia de hoje.

"Imagino que já estavam secas quando chegaram até você. Conseguir fazer algo com elas?"

"Chá.", eu respondi como se fosse óbvio, e ela, já animada pelo álcool, riu de forma tão intensa que seus olhos lacrimejaram, e voltou a afirmar que eu faço chá de tudo.

Tudo isso enquanto ouvíamos aos nossos artistas favoritos e dividíamos um maço de cigarros e uma garrafa de um bom vinho branco. Ela queria ouvir histórias sobre a turnê e muitas vezes a ouvi dizer coisas como 'isso é tão Roger', tão cheia de carinho e ternura, mesmo que estivesse explicitamente caçoando de mim.

Imaginava se ela estaria tão ansiosa quanto eu estava pelo dia de hoje. Minhas mãos estavam inquietas no volante enquanto eu dirigia para a casa de Freddie, que quando me recebeu, desejou boa sorte e garantiu que Lily estaria em boas mãos, o que eu não tinha qualquer dúvida. Despedi-me dele com um abraço, dirigindo por mais alguns minutos até estacionar diante do prédio dela, onde não fiquei por muito tempo, uma vez que ela logo apareceu, conforme o combinado. Eu estava escorado na porta do carro fumando um cigarro quando a vi dar bom dia ao porteiro. Olhei no meu relógio e marcava oito e meia em ponto. Sorri de contentamento.

Lá estava ela, usava uma saia ocre com várias camadas de babados que ia até a metade das canelas e uma blusinha branca curtinha que não apenas deixava uma parte de sua barriga à mostra, mas também exibia seus ombros e seu colo, onde ela tinha um colar com um pequeno cristal de quartzo rosa. Ela vinha em cores por toda parte, afinal. Ela me cumprimentou com um de seus melhores sorrisos. Fiquei feliz que o meu jeans claro, minha camisa branca e suspensórios coloridos combinavam com as cores dela.

"Bom dia!" Eu disse, endireitando minha postura, ainda embasbacado com sua beleza.

"Bom dia, Rog! Quente, né? Deus, eu já estou quase suada!" Ela passou o braço pela testa, como se realmente estivesse exausta.

"Sim! Tivemos sorte, o dia está perfeito."

"Temos tido muita sorte ultimamente, não acha?" Ela me olhou provocativa. Eu sabia que não era só eu que estava bobo diante de tantas pontas se encontrando tão perfeitamente para nós. Já estava na hora de a vida sorrir para mim, afinal.

Só podia lembrar da música dos Beatles que me ensinou que no final, o amor que você recebe é igual ao amor que você dá. Não acreditava mais que aquilo tudo se tratava de sorte; para mim, aquilo era nada mais, nada menos que o esperado como o resultado do sentimento que alimentei durante todo esse tempo.

Vicious | Roger TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora