06 - Aquele em que Roger roubou o natal, parte II;

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"Roger Taylor, você é um imbecil!" Brian esbravejou, dirigindo. Eu estava esparramado no banco de trás, com Janis ao meu lado. Minha cabeça doía muito e minha boca também. Certamente incharia e ficaria com uma marca horrível.

"Você está bem, Roger? Sente alguma dor?" Janis perguntou. Era a primeira vez que ela soava tão... cuidadosa comigo. Inclusive ela veio junto por conta própria, ela poderia muito bem ter ficado. Eu aproveitei: "Eu estou bem, mas está doendo" eu disse fazendo a maior cara de cachorrinho possível. Janis se comoveu, praticamente imitando a minha carinha, envolvendo meus ombros em um abraço de tal forma que eu ficasse com a cabeça deitada no peito dela. A minha boca perto da pele dela. Ugh. Fomos em silêncio durante todo o trajeto, eu com os olhos fechados enquanto Janis escorava sua cabeça na minha, acariciando os meus cabelos.

"Brian, obrigado por ter me trazido para casa..." eu comecei quando ele estacionou, optei por essa posição mais defensiva para não arriscar perder o abraço de Janis.

"Tudo bem. Eu iria embora mesmo, estava um saco. Esse pessoal de revista é uma merda..." é, era... "desculpe, Janis, eu sei que você trabalha na área...".

"Não, Brian, está tudo bem, não há porquê se desculpar! Eu os levei para perto de vocês, a culpa foi minha..." ela estava desconcertada. "Não há quem culpar nessa história, Janis. Está tudo bem. Obrigada por cuidar do Roger" Brian disse. Eu tinha cinco anos de novo.

Ok, talvez eu agisse como alguém de cinco anos, às vezes.

Despedimo-nos e Janis e eu entramos em casa; ela me lançou um olhar perigosíssimo. Eu fingi que não era comigo. Servi Southern Comfort em um copo, e peguei no meu bolso um cigarro de maconha que eu havia preparado mais cedo. Sentei no sofá e acendi. Ela estava incrédula.

"Roger. Você é patético" ela disse como se tivesse visto uma barata morta.

"Por que dessa vez?"

"Por que?! Roger! A mídia é um inferno com vocês e agora você deu ainda mais conteúdo para eles esculacharem o Queen?!" era uma pergunta retórica. Ela tinha razão. "Eu sei que não é da minha conta, mas... tem muito a ver com o que você falou para mim naquele dia. É por isso que ninguém leva você a sério. Roger, você jogou uma árvore de natal em uma pessoa".

"Não foi bem isso. Eu derrubei a árvore. O que ela atingiu não é responsabilidade minha", eu ri, eu estava bêbado demais para levar qualquer coisa a sério. Para mim, aquilo tudo tinha sido muito engraçado.

Ela riu um pouco também. "Você riu, então está tudo bem".

"Ri de nervoso". Ah.

"Janis, quem era aquele cara que esteve com você durante a noite?" eu tentei soar amigável.

Ela me olhou com a sobrancelha arqueada, estupefata com a minha pergunta. "Incrivelmente, nesse caso, como diz respeito a você, eu digo... ele se chama Jonathan e é fotógrafo também, trabalha para a Rolling Stone. Assim como Anne. Assim como o cara que te deu isso..." ela tocou meus lábios. Provavelmente eu estava ridículo. "o nome dele é George. Assina como G.J. James na revista. Acho que você o conhece".

Eu estava apavorado. É óbvio que aquele cara queria me foder. Ele era muito corno e a culpa era toda minha e da mulher dele, que na época eu não sabia que era casada. Eu ri.

Vicious | Roger TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora