Epílogo

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Alícia

A um tempo atrás, se me dissessem que eu estaria um dia, com um pano de prato no ombro correndo atrás de uma molequinha que mal sabe andar direito ainda, eu riria na cara da pessoa.

Matheus sempre diz que essa fala é dele, mas eu acho que nem cabe tanto assim pra ele. Afinal, ele leva muito mais jeito com as crianças do que eu. Chega a ser humilhante.

Sara só toma banho se for com ele, só dorme com ele.. e só lembra da mãe quando a fome bate, e sei que se ele tivesse Tetê também, a ingrata nem lembraria de mim.

Já Vinícius é meu rapaz. Com poucos meses depois que dei entrada ao pedido de guarda, e com a ajuda do promotor, eu já era mãe dele no papel.

Meu Réu gostoso, foi absolvido por falta de provas. Na primeira audiência, eu aleguei que o Tenente, por uma obsessão em prender o tal ladrão, acabou acusando e prendendo Matheus sem provas contundentes.

Deus me perdoe, mas eu tive que fazer. Não podia nem imaginar Matheus naquela prisão novamente. E como comemoração, 60 dias depois fomos no cartório e nos casamos no civil. Não quis casamento cheio de pompa, mas Pezão deu um baile, dizendo que era presente de casamento.

Agora, eu meio que virei advogada da facção. Toda vez que alguém forte deles cai, eu vou lá prestar meus serviços. Não me orgulho disso, nem um pouco, mas foi acontecendo aos poucos.

Primeiro foi um conhecido dono de morro, que foi preso numa blitz por embriaguez ao volante. Graças a Deus ele estava sem nenhuma droga ou arma, ou qualquer coisa que configurasse um crime pior. Aí, Pezão me pediu pra ir lá dar uma força, porque era parceiro. De início eu não aceitei, mas nesse mesmo dia, Matheus junto com Pezão iriam lá ver se a esposa do cara precisava de uma força, e eu fui junto.

A moça tinha dois filhos pequenos, que choravam sem parar chamando seu pai. E ela também, chorava dizendo estar preocupada que fizesse algo contra ele lá dentro.

Aí eu me compadeci né. Me coloquei no lugar dela, e fui lá ajudar o rapaz. O caso era simples, mas se ele não tivesse um advogado, iria ficar lá anos a míngua.

Depois disso, teve um rapazinho que foi pego roubando ônibus lá no centro. Estávamos sentados na lanchonete aqui no morro, quando uma senhora chegou chorando, implorando a Matheus que o ajudasse, pois o menino era Neto dela, e só fez isso pra comprar os remédios do coração que ela precisava.

Aí eu fiquei com dó de novo. E novamente fui lá ajudar o rapaz.

E assim apareceu um monte de casos novos. E não só daqui do Alemão, mas de morros aliados em todo o Rio de Janeiro.

...

Rato: Amor, qual desses é pra vestir? - ele me mostrava de lá do alto da escada um vestido rosa com a saia estilo bailarina, e o outro no mesmo modelo, só que em amarelo.

Réu- FINALIZADA Onde histórias criam vida. Descubra agora