Chuva de Meteoros

48 4 0
                                    

" Aqueles que ainda contam essa história, dizem que começou quando uma estrela caiu ao chão, espalhando sua glória e seu cálido brilho, afastando a escuridão, em um tempo de perigo, o destino de dois mundos pendia na balança, irradiando um poder antigo, a estrela brilhou trazendo esperança, embora esta história hoje jaz por esquecida, a antiga profecia ainda à de ser cumprida..."

Foi com estas exatas palavras que o livro começou, naquela época era a única coisa escrita nele, resolvi escrever tudo isso para provar para mim mesma que eu não estou louca, sei que você que está lendo isso deve estar cheio de perguntas, mas duvido que tenha tantas quanto eu, tipo porque só eu posso ler o livro, ou por onde eu estive nos últimos seis meses? e mais importante: Agora que eu voltei porque aquela coisa continua lá? Mas eu estou me adiantando, acho que eu deveria ao menos dizer como tudo isso começou. Meu nome é Alcyone em homenagem a maior estrela da constelação das plêiades (muito obrigado mãe, ninguém nunca riu de mim por causa disso.), tirando o nome extravagante, minha infância foi totalmente normal, fui a uma escola normal, tinha uma casa normal em um bairro normal, amigos normais, não via meu pai desde os quatro anos de idade(normal), tenho até cabelos e olhos castanhos normais, tudo na minha vida ia maravilinda-mente bem, nos meus vinte anos de idade, nada de ruim, assustador ou mesmo agradavelmente diferente tinha acontecido, eu apenas vivia minha vida. Até seis meses atrás, eu era uma normal estudante normal da faculdade (não vou dizer qual curso, você vai rir), como os trabalhos para o semestre estavam acumulados e atrasados, decidi fazer todos de uma vez, então peguei o telefone e convidei meus amigos Janete, Clara e Brian para passar essa tortura comigo. não sei de onde surgiu a ideia, nem quem foi seu perpetrador, (se soubesse podia ter esganado quando voltei), mas de algum jeito a turma toda ficou sabendo dos meus planos, alguém tornou num evento obrigatório e até convenceu um dos professores a nos deixar usar a sala durante o sábado, então ao invés de ficar confortável em casa com meus amigos, petiscos e uma chance razoavelmente alta de "esquecermos" de fazer os trabalhos, lá fui eu para o campus no sábado, (NO SÁBADO!) para fazer uma pilha de dar gosto de relatórios, trabalhos e resenhas, com um bando de gente que não vai com a minha cara. Era meados de outubro e apesar de ainda ser primavera o calor já era sufocante, minha escola era um prédio enorme construído na década de quarenta e não reformado uma única vez em todos esses anos, ou seja parecia uma daquelas escolas velhas e caindo aos pedaços onde filmes de terror são feitos (e era, uma foto de jornal no armário de troféus mostrava nosso campus no filme "Quarta-feira Maldita" de 1982) o portão do campus estava aberto por causa do treino do nosso time nunca campeão de polo aquático, um bando de manés que andavam pela escola como se estivessem em um daqueles filmes estereótipos de faculdade, implicando com os outros e se achando o máximo, por treino, quero dizer que eles levaram refrigerantes e lanches sem permissão para a piscina da faculdade para dar uma festa. Enquanto meu suor escorria corpo abaixo depois de pedalar por mais de três quilómetros fritando sob o sol, desejei que aqueles idiotas se afogassem naquela piscina geladinha e refrescante, entenda, não sou uma pessoa rancorosa ( talvez vingativa, muhahaha.) mas o calor me deixa louca, eu simplesmente não suporto. prendi minha bicicleta e entrei nos corredores cheios de ecos e rangidos, encontrei meus amigos na escadaria que leva às salas no segundo piso, como de costume os corredores de taco e madeiramento antigo rangiam a cada passo, o professor Osmund nos recebeu na porta da sala de aula, seus olhos claros sonolentos espreitando por cima dos óculos, parecia ter tanta vontade de estar ali quanto eu, ele era um daqueles professores clássicos de faculdade, com óculos, calça cáqui, e até um cavanhaque sujo de biscoito.

- bem vindos senhoritas e cavalheiros, ah. senhorita Alcyone soube que essa ótima ideia para passar meu dia de folga foi sua... meus parabéns.

minha única resposta foi encolher os ombros arrependida com minha melhor cara de "foi mal", naturalmente nossa sala era a única com o ar condicionado quebrado, e janelas que só abriam uma pequena parte no topo, por onde entrava um vento digno de um deserto, minhas amigas rindo enquanto Brian imitava o professor "meus parabéns Cya por arruinar o sábado de todo mundo" dizia engrossando a voz, o clima no resto da sala não estava tão festivo, tente por um minuto imaginar a situação, cinquenta e oito alunos em uma sala feita para trinta, com todos suando, fervendo(alguns fedendo também), com uma quantidade angustiante de trabalhos para fazer e ainda um curto prazo para terminar, nem preciso descrever. Mais três pessoas chegaram depois de nós e o professor olhou a todos e perguntou em monocórdio - estão todos aí? bom...- deu as costas e foi embora sem esperar a resposta.

Laggo: O Livro das ErasOnde histórias criam vida. Descubra agora