Renascimento | Kim Namjoon • 2

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Escola de Atenas

"Causarum cognitio"

por Kesey_ecc
Revisora honeyepiphany

Capítulo 2 - Um papo reto com Aristóteles


— Primeiramente olá. Tudo bem? - estendo minha mão, esperando por um aperto - Me chamo Kim Namjoon, é um prazer conhecê-lo senhor.

Aristóteles me encara desconfiado por um instante.

— Ah, qual é? Apertos de mão existem desde os primórdios, isso é fato histórico. Você não vai sair do seu personagem se me cumprimentar direito - sorrio simpático.

O homem barbudo e vestido com um manto azul esboça um leve sorriso ao apertar minha mão. Aristóteles sorrindo. Aristóteles sorrindo para mim. Tá ai uma coisa que nem nos meus sonhos cheguei a imaginar. Uma figura tão histórica e séria. O que será que ele fazia nas festinhas de Atenas?

Foco Namjoon. O papo era sério.

— Bom, eu estive lendo sua obra "Política", foi recentemente inclusive, que coincidência, – rio sozinho – e suas ideias sobre as diferenças de papel do homem e da mulher na sociedade são um tanto... questionáveis, no mínimo.

— Questionáveis? – pergunta com as sobrancelhas erguidas.

O ego estratosférico do filósofo não demora nadinha para se manifestar. Afinal, sabedoria não é, de maneira alguma, sinônimo de perfeição. "O poder revela o homem" já dizia Sófocles, e sabedoria é poder.*

— Sim senhor. Eu tenho uma fanbase predominantemente feminina – vejo sua feição se contorcer em confusão assim que ouve a palavra "fanbase" – e isso me ajudou a refletir e estudar sobre vários aspectos do feminismo. O senhor não acha que retrocedeu o pensamento do seu mestre Platão – aponto para a figura ainda parada do meu lado -, e por consequência Sócrates também, ao dizer que "o macho tem uma superioridade natural sobre a mulher" e que "o homem é destinado ao comando e a mulher a ser comandada"?

— Retrocesso seria continuar negando os fatos, meu jovem. Eu falo apenas da seleção natural. É uma comparação simples: assim como no reino animal há a dominância do macho líder, em nossa sociedade também.

— Mas e a questão da consciência? Quer dizer, a razão. Entendimento, conhecimento, a tal da "boa conduta" que o senhor tanto usa para descrever ética e alcançar a felicidade. O conceito da justa medida não é aplicado para todos? Aquele lance de meio termo, prudência, evitar excessos e exageros e "a sua busca pela felicidade não deve atrapalhar a busca da felicidade de outras pessoas" só vale para você?

— Eu fui um cidadão ateniense, meu caro. Apesar de nascer e viver por muito tempo na Macedônia. – responde com soberba – É claro que meus pensamentos e dizeres são dirigidos somente aos cidadãos da minha sociedade. E no conceito em que estou inserido a mulher até tem a capacidade de deliberar, porém, é uma capacidade naturalmente inferior aos homens, e apenas um pouco superior a dos escravos.

Minha vez de arquear as sobrancelhas. Encaro Platão completamente indignado, esperando que ele interfira ofendido, dizendo algo como "não foi assim que eu te ensinei cara". Mas ele nada diz.

É, parece que estou sozinho nessa.

— Mas seu trabalho não era evoluir do pensamento comum? Pensar além? – gesticulo com as mãos enquanto falo – Não foi isso que Platão te ensinou? Ele pensava que as almas de homens e mulheres eram iguais, portanto, eles poderiam exercer as mesmas funções dentro de uma sociedade. Inclusive em situações onde mulheres poderiam governar homens. E veja bem, governar não no sentido errôneo de dominar, e sim administrar.

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