Arte contemporânea | Jeon Jungkook • 2

333 50 10
                                    

Drowning Girl, Roy Lichtenstein (1963)

Por  mclarh

Revisora: LuaInAHoodie

• I'd rather... sink?

Ou essa moça é um cosplay do quadro, ou ela é uma alucinação ou, quem sabe, parte de um sonho bem esquisto.

Só existem essas alternativas.

Depois de tatear as paredes em busca de uma porta que não existia mais, a primeira coisa que cogitei seriamente foi que aquilo tudo não passava de um sonho. Afinal, portas não desaparecem. Estamos no Louvre e não em Hogwarts. Por isso, decidi me beliscar, já que não há nada mais eficaz para acabar com um sonho do que acordar. Simples assim.

Belisquei meu braço algumas vezes e a moça de cabelos azuis continuava chorando, resmungando e soluçando, tudo ao mesmo tempo. Apertei e esfreguei meus olhos algumas vezes, mas a cena persistia e a porta continuava desaparecida. Talvez não tão simples.

Errr, moça... Será que você poderia me beliscar? voltei a me aproximar da cadeira e me senti o ser humano mais ridículo do mundo e foi inevitável não corar quando ela apertou os olhos em minha direção.

Te beliscar? ela arqueou as sobrancelhas e, mesmo que tivesse interrompido os soluços por alguns segundo, as lágrimas seguiam caindo como se não conhecessem outro caminho que não o seu rosto bonito. Afinal, se havia algo bonito nesse sonho, era ela. Brad seria um cara de sorte, se ele existisse, é claro.

Eu acho que estamos presos em um sonho e talvez se... Ai! fui surpreendido por ela que decidiu, sem me avisar, beliscar o meu antebraço, enquanto ostentava uma expressão debochada.

E, então? ela cruzou as pernas e se virou na cadeira, ficando de frente para mim. Deu certo?

Deixa pra lá... resmunguei fazendo carinho no meu braço dolorido, enquanto ela seguia debochando e chorando, tudo ao mesmo tempo. Por um momento eu quis me sentar, mas lembrei que o chão estava encharcado. Droga.

Me afastando devagar, notei que as suas lágrimas pingavam na beirada do assento da cadeira e, em seguida, iam de encontro ao chão. Mais uma gota naquele mar. Em poucos minutos, a água já batia nos meus calcanhares e não entendia como era humanamente possível o cosplay da moça do quadro chorar tanto a ponto de inundar a sala. Sim, cosplay. Eliminando a hipótese dela ser uma aparição onírica, era o que me restava.

Jungkook, sua voz fez eco no cubo branco, me surpreendendo. Onde você mora? Canal Street*?

Hã? Canal onde? — arqueei a sobrancelha. Que papo esquisto. — Coreia do Sul, mas estamos ficando num hotel ali perto da Champs-Élysées. Tem uma vista bonita da Torre Eiffel... — enquanto falava, comecei a sentir bastante saudade da cama de casal confortável forrada por aquele edredom absurdamente macio, sem mencionar o odorizador de lavanda que perfumava o quarto. Apoiei minhas mãos sobre os joelhos, já muito cansado. Um pouco mais e eu me sentaria no chão, mesmo que isso significasse encharcar a minha calça.

— Não tem Torre Eiffel em Nova York, silly boy. — então ela acha que estamos em Nova York, entendi. Ela é maluca, está explicado. — Aqui só temos esses prédios altos, Paris ficou com todo o glamour.

Canvas • BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora