Barroco | Min Yoongi • 2

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Madalena Arrependida

"Maddalena penitente" (1594-1597)

por honeyepiphany

Revisora: Kesey_ecc

Capítulo 2 - Chiaroscuro

Não é como se eu me sentisse assim tão corajoso quando os olhos de Caravaggio faiscaram de ódio e a moça sentada soltou um risinho abafado que foi seguido por olhares estupefatos das outras pessoas presentes naquele lugar, mas eu tinha que tentar manter a pose de confiança.

— Eu não me importo, mas vou estar saindo do seu ateliê, não gosto muito desse cheiro de tinta — me apresso em dizer, contudo, acho que o estrago já foi feito. — Olha cara, não é legal ameaçar as pessoas, sabia? Você poderia apenas ter pedido educadamente.

Eu queria isso, eu o provoquei para que tivesse uma justificativa que me possibilitasse tentar a fuga, no entanto, isso não significava que a perspectiva de ser perfurado por uma espada fosse melhor em razão disso.

Ele caminhou, levantando-se de onde estava, em direção a seus objetos de tortura. Eu não poderia me defender dele, nem se eu quisesse, então apenas fiz o que provavelmente deveria ter feito desde que me dei conta do problema no qual havia me enfiado: atravessei o espaço que me separava da porta enquanto escutava o material da espada abandonando a bainha, que antes repousava em algum canto da sala, e a voz do artista bradar:

— Saia! — ele disse e nem precisaria pedir. Eu sairia dali, ah certamente eu sairia nem que fosse todo furado, mas primeiro, valia a pena tentar o caminho mais, fácil e óbvio, o que para minha surpresa funcionou. Tranquilo demais para significar uma vitória. Quando cheguei ao que seria a saída da sala, não fui repelido por alguma força vinda do além, o mesmo além que me trouxe até ali, tampouco acordei por algum berro de Hoseok, retornando ao conforto do Louvre, e nem Caravaggio foi ágil o suficiente para me alcançar.

A porta cedeu ao meu toque, como qualquer porta destrancada cederia no mundo real e tão logo a atravessei me descobri, mais uma vez, sendo sugado para um novo capítulo, mais uma cena, mais um quadro dessa realidade paralela bizarra. Nele, uma mulher cabisbaixa segurava as próprias mãos sobre o colo como se estivesse cansada demais para manter postura, cansada e triste. Não demoro a encontrar similaridades com o cadáver que anteriormente tanto havia me perturbado. Mas ali ela estava viva e apesar disso, em sua presença, em seu rosto tão apagado, era como se não existisse.

— Está tudo bem? — indago, me aproximando temerário. Não quero assustá-la, embora, acredito, seja uma missão difícil, tendo em vista que mais uma vez fui inserido de modo abrupto em um cenário distante da minha realidade.

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