Simbolismo | Jung Hoseok • 2

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Flower Clouds (1903)

por LuaInAHoodie

Revisora: Carol7Wal

Capítulo 2 - O Espelho Oceano

De olhos fechados, com o máximo de ar que consegui pegar preso em meus pulmões, eu senti meu corpo ser jogado e então afundar. Meus braços e pernas protestaram e eu tentei subir, submergir.

Sem resultado algum, eu me permiti abrir um olho e vi uma espécie de escuridão colorida, variando do azul ao vermelho. Mais uma vez tentei nadar para cima e abafado, ouvi uma espécie de rugido me abater e empurrar.

Estava frio, um frio suportável, mas desagradável. Aos poucos me senti ser ainda mais puxado para o fundo, um fundo, negro e assustador, que eu tentei evitar com todas as forças. Mas, já estava acabando meu ar.

Meu peito queimando, meus olhos completamente abertos e afogados em pânico e medo, eu vou morrer... Era tudo que eu podia pensar.

Até que a minha frente vi uma silhueta familiar se aproximando em um caminhar lento, mesmo dentro da água, o que me fez reprimir um grito e quase engasgar. Era eu mesmo, parado a minha frente, me encarando com preocupação.

- Eu posso respirar. - Disse de forma ecoada e abafada.

Não quis ousar tentar, mas eu não aguentava mais. Se eu segurasse ia acabar perdendo a consciência também e me afogando. Eu já estou preso dentro de um quadro, por que não? Eu pensei e ainda bem que eu pensei.

Soltei o mínimo de ar que ainda restava em mim e quando voltei a respirar, sentir o oxigênio entrar em meus pulmões foi divino. Eu realmente achei que ia morrer.

Como? Ah... Nada disso faz sentido.

Era tudo o que eu podia formular na minha mente, enquanto regulava minha respiração e me situava. Eu estava dentro do mar, respirando normalmente e... Ao me endireitar, eu até consegui me erguer e dar um passo como se estivesse numa superfície sólida.

O meu eu, a minha frente, estava acompanhando meus movimentos, como um espelho então, mas rindo de mim. Ou nós. Isso me deixou confuso.

- Isso é muita loucura. - Sussurrei.

- Eu já posso parar de pensar racionalmente aqui.

- Então pare.

- Não... Eu não entendi... Eu! - Minha mão, de repente, se mexeu sozinha em minha própria direção e quando meu olhar voltou para o meu eu em minha frente, ele sorriu, me fazendo sorrir também, seguindo seu movimento como num verdadeiro espelho.

E no mesmo instante em que minha mente idealizou um espelho, eu senti a textura do vidro sob minhas mãos e num piscar de olhos havia mesmo um vidro entre nós. No mar, foi onde, literalmente, nada fez sentido, mas significativamente falando, foi essencial. No mar, eu encontrei o que havia ido buscar naquele museu.

Meu outro eu, me olhando de volta, tão curioso quanto eu, chorou repentinamente. Suas lágrimas tinham um tom dourado, que não se misturou a água e criou um caminho, que me fez perceber que, na verdade, eu quem estava chorando o tempo todo e aquele caminho dourado, era para mim.

Por isso subi, passo a passo, como em uma extensa escada, sentindo a água ao meu redor e respirando normalmente, ao mesmo tempo. Não entendi o motivo do meu choro, mas isso era apenas mais um ítem na minha lista.

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