2º Capítulo: Like It Was a Private Show.

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Os minutos passaram e logo se tornaram horas, mas não conseguia sair da minha cadeira, não conseguia parar de escutá-la, não conseguia parar de vê-la. Entre uma música e outra ela conversava com as poucas pessoas que estavam prestando atenção no show, eu era uma delas, mas não conseguia emitir uma só palavra. Seu sorriso a cada aplauso recebido iluminava todo o palco, o jeito como mexia o corpo de acordo com o ritmo da música que estava cantando, as palavras que saíam de sua boca, tudo isso me fazia parecer estar em um sonho, em um show privado onde teria ela só pra mim.

Mas infelizmente essa não era a realidade. Quando as luzes se acenderam, estava recebendo olhares desconfiados de Jenny e Ian. Será que eles tinham falado comigo? Ou não gostaram do show como eu? Pouco me importava, ainda buscava com os olhos onde a tal cantora havia ido:

- Acho que alguém se encantou com a voz da Claire! – Jenny falou ainda me encarando com um sorriso bobo no rosto.

Claire? Então esse era o nome dela. Sorcha. Luz, sim, era isso que ela havia me trazido em apenas alguns minutos. Ela conseguiu fazer o que não havia conseguido fazer sozinho, ela me trouxe pra vida novamente. Mas e agora?

I swear that every word you sing
You wrote them for me
Like it was a private show
But I know you never saw me
When the lights come on and I'm on my own
Will you be there to sing it again?
Could I be the one you talk about in all your stories?

Eu juro que cada palavra que você canta
Você as escreveu para mim
Como se fosse um show privado
Mas eu sei que você nunca me viu
Quando as luzes se acenderem e eu estiver ali sozinho
Você vai estar lá para cantar de novo?
Eu poderia ser aquele de quem você fala em todas as suas histórias?

- Jamie? – Ian estava parado na minha frente, acho que havia me perdido novamente em pensamentos.

- Se eu soubesse que iria se interessar tanto pela música dela, teria te trazido antes.

- Ela vem sempre aqui? – perguntei de uma maneira tão rápida e com uma voz aguda que espantou Jenny.

- Sim, irmão, ela vem todos os finais de semana, como estávamos fazendo negócio com o dono do Pub, acabamos vendo o show dela diversas vezes. – Jenny respondeu com um sorriso satisfeito no rosto, ela sabia que tinha provocado algo em mim e eu odiava como ela me lia tão bem. – Parece que ela é conhecida do dono e ele a deixa tocar aqui sempre.

- Humm... – foi a única coisa que consegui falar.

- Acho que precisamos de um refil, agora é a sua vez! – Ian falou enquanto me passava seu copo vazio.

É, acho que outra dose de uísque seria bem-vinda, precisava de algo forte pra tentar sair desse transe, como simples palavras cantadas podiam causar tanto efeito em mim assim? Me levantei e segui para o bar. Mais do que depressa pedi mais duas doses do nosso uísque e fiquei esperando. Olhei para os lados e reparei que não havia muitas pessoas, realmente esse lugar não me interessou, bom, pelo menos não pelo seu atendimento. Quando finalmente meu pedido estava vindo, senti alguém se debruçar no balcão ao meu lado e ao ouvir a voz, não precisava olhar para saber quem era:

- Vim pegar o meu pagamento! Qual é seu uísque mais caro? – ela falou com a mesma voz que havia me levado à loucura.

- Recebemos essa marca nova agora, dizem que é o melhor da região! – o mesmo cara que estava vindo com os meus copos cheios respondeu pra ela, apontando exatamente para o nosso uísque.

- O melhor e mais tradicional, isso se gostar do verdadeiro uísque escocês. – as palavras saíram da minha boca sem ao mesmo eu perceber. O que havia feito? Estava parecendo um vendedor de bebidas, o que na realidade eu era, mas ela não precisava ouvir isso agora.

Can I Be Him?Onde histórias criam vida. Descubra agora