Capítulo 5 - O Primeiro Contato

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Algo precisava ser feito a respeito disso, ninguém mexe com comida na minha presença (ainda mais quando se trata de um prato de minha preferencia), isso agora é guerra Saci-Pererê. Pode vir que eu estou fervendo. As gravações não mentem, ele existe e não demorei muito para processar essa informação, ainda bem que o resto do grupo e os proprietários seguiram a vibe.

   - Por acaso o senhor tem cavalos? – perguntou Léo saindo da casa olhando diretamente para o dono dela.

   - Sim meu jovem – J.P respondeu se dirigindo ao meu amigo, entendendo na hora o que aquele olhar significava. – Ainda não mostrei todo o canto de minha fazenda. Vem comigo te levarei até lá.

   - Posso ir com vocês? – interrompeu Sammy Kim inocentemente, usando sua melhor expressão para convencer qualquer um.

   - Tudo bem meu bem. Venha conosco.

   - Se o Léo citou os cavalos é porque ele tem algo em mente – raciocinei o que ele provavelmente saberia que encontraria por lá. – Venham pessoal. Vocês vão querer muito ver isso - todos me seguiram pelo único motivo que faz a maioria das pessoas até mesmo perderem seu medo só para ter uns segundos de vislumbre antes da reação de sua ação: a CURIOSIDADE.

   - Espere – intimou Jeferson, entrando na casa e voltando com a câmera em mãos com o suporte de punho. – Isso eu vou querer gravar.

J.P nos levara para o estabulo atrás de sua casa, levamos uns dez minutos de caminhada. O legal era que o caminho todo foi só de estrada reta. A grama era tão gostosa de pisar, bem semelhante ao gramado artificial.

   Assim que avistamos a cocheira do estabulo, Léo correu para checar sua teoria. Como o resto de nós estava longe, não conseguimos ver sua expressão até termos nos aproximado o suficiente para vermos nosso amigo muito inquieto com um semblante assustado. Paramos nossos passos e aguardamos ele olhar os cavalos um por um.

   - Não resta mais duvidas – ele murmurou alto e em bom som para ouvirmos. – Venham ver e Jeferson... já se prepara para filmar. Temos noticias para nossos mitos.

   Corremos até ele e o que vimos não deixou dúvidas nenhuma quanto a sua veracidade. As crinas dos cavalos meus caros leitores estavam todas trançadas. Apesar de serem tranças bem feitas, não combinava nem um pouco com aqueles lindos cavalos.

   - Jeferson – falou Sammy Kim. – Filma isso.

   Jeferson ligou a câmera e passou a filmar todos os cavalos conforme fazia uma pequena apresentação:

   - Como vocês podem ver mitos, isso não é montagem e nem pegadinha. O Saci-Pererê passou por aqui e deu um belo jeito de trançar a crina desses cavalos.

   - Perceberam que pelo fato de hoje ser o dia do Saci, ele tem aumentado muito suas travessuras? – analisou Samanta.

   - Seguindo sua lógica – argumentei. – Está tudo se encaixando.

   - Hoje a noite daremos mais uma volta – intimou Léo. – Sinto que algo vai acontecer definitivamente se o caçarmos de novo.

   - Certo – encerrou Alisson. – Enquanto nossos vizinhos estarão comemorando o Halloween, nós estaremos caçando uma lenda brasileira.

   - Quero fazer parte do grupo hoje. Tudo bem pra vocês? – perguntou J.P, e todos concordaram. – Perfeito. Agora vamos desmanchar essas tranchas dos meus cavalos.

   - Mas... – interrompeu Jeferson. – Eles não vão morder ou se agitar?

   - Verdade pai – respondeu Alison. – Esquecemos que vocês não sabem lidar com um. É muito simples. Observem! – Alison se dirigiu a um alazão de cor marrom claro. – O segredo de qualquer bom relacionamento é a confiança, principalmente quando se trata de cavalos. Confiança é essencial, pois um cavalo que não confia no dono pode acabar machucando-o, intencionalmente ou não.

Mitos Reais do Folclore Brasileiro: O Saci-Pererê (Concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora