Capítulo 6 - Resgate

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   - Não acredito que esquecemos nossa regra principal – bufou Jeferson.

   - Realmente não esperávamos ver aquela "coisa" vindo sobre nós – justificou Sammy Kim. – O modo como ele correu foi assustador.

   - Sim, mas de acordo com a lenda o Saci-Pererê é uma pessoa travessa, não há motivo para ele sequestrar alguém – refletiu Alison.

   - J.P vem comigo – ordenei indo de encontro ao local onde minha melhor amiga fora raptada com minha espada em mãos e o arco guardado na aljava, o dono da propriedade é um ótimo reforço pro time, já que portava uma sub metralhadora.

   - Opa garotão, aonde pensa que vai? – ele segurou em minha mão o fazendo encará-lo.

   - Encontrar alguma pista que ela tenha deixado para trás.

   Quero ver o Saci-Pererê lidar conosco agora.

   Estando com a cabeça fria, pude analisar a situação e fazer algo a respeito. O que fizemos não fora diferente dos outros da internet. Justamente o que eu não queria. Como Samanta vai reagir ao seu abandono? Com certeza ela vai estar escandalizada e com toda a razão.

   - Tudo bem... vamos lá.

Voltamos até o local do seu primeiro contato e encontramos nossa câmera jogada ao chão mais a arma branca: o nunchaku. Léo pegou a câmera e virou até seu rosto estudando seu estado.

   - Perfeito – cochichou. – Está intacta! – ele virou para mim e com um meio sorriso falou: - Um dinheiro bem gasto meu amigo.

   - Isso não vale a vida de uma pessoa. Vamos ver o que ela filmou – determinou J.P zangado. – Podemos ver seus últimos momentos. O que ela encontrou.

   Apesar de termos entendido o que ele quis dizer com "seus últimos momentos", aquilo nos fez congelar até a alma. Ele exagerou um pouco, já estávamos preocupados com seu desaparecimento, não coloque mais lenha na fogueira, por favor.

   Léo deu o play e todos nos aconchegamos para ver as últimas gravações de nossa amiga. Ele voltou até o momento em que o bambu havia caído. E assistimos o desenrolar até começarmos a correr do Saci. Vimos Samanta filmar nitidamente a criatura antes de correr, decidimos não pausar o vídeo, pois já fizemos anteriormente para saber de quem se tratava. Vimos ela chacoalhar a câmera enquanto corria e gritava até tropeçar em Jeferson, ambos caíram, mas só ele levantou. A câmera estava filmando sua própria face agora e ela viu quem estava por trás se aproximando lentamente. Nossa amiga fechou seus olhos e tapou seus ouvidos num instinto de bloquear o que quer que a criatura dissesse. Quando sua imagem foi pega pela câmera, meus amigos com certeza ficaram como eu fiquei nesse momento: chocado com a aparência de nossa caça- um homem e não uma criança como eu pensava que fosse de acordo com a história. Musculoso de olhar penetrante de cor cinza, pele bronzeada, cabelo raspado estilo buzz cut, gorro e um macacão curto vermelho. Todavia algo me chamou a atenção, ele estava com as duas pernas. Como assim? Era para ser somente uma, como diz a lenda. Não o vi com seu cachimbo, mas isso é irrelevante agora, precisamos captura-lo e fazer umas perguntas.

   O Saci-Pererê deu aquele sorriso travesso pela câmera ao se curvar para ela e resolveu dar uma boa fungada em seus cabelos. Num salto e flexibilidade impecáveis ele se refugiou na mata e por uns segundos Samanta se manteve imóvel em meio ao silêncio. Vimos ela abrir os olhos esbugalhados de pavor enquanto olhava pra trás analisando o terreno. Achando que estava sozinha ela pegou a câmera e começou a correr, foi aí que o Saci agiu, só pudemos ver agora a parte frontal do ambiente quando nossa amiga caiu de novo ao chão sendo arrastada em seguida. A câmera girava com violência conforme ela lutava para se agarrar ao solo desesperadamente até se soltar de seu pulso e ficar filmando a escuridão da floresta enquanto os gritos cortantes de Samanta sumiam do local.

Mitos Reais do Folclore Brasileiro: O Saci-Pererê (Concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora