Capítulo 2 – O silêncio
Hoje cheguei antes do sinal bater, vi Ariane e Ana, estavam no pátio conversando com umas meninas de outra turma e um menino chamado Arthur veio falar comigo. Ele era da minha turma, sentamos juntos e conversamos bastante. Gina chegou depois da aula de matemática, no terceiro período, e sentou no mesmo lugar perto da janela que ela estava ontem.
Arthur me convidou para passar o recreio (que aqui chamam de hora-do-lanche) com ele e com o Matheus e mais alguns garotos. Foi bom, me dei bem com eles e no final do dia de aula eu já tinha vários amigos.
Gina ficava sozinha o tempo todo e ninguém falava com ela. Eu tentei conversar com ela quando a aula terminou:
–Oi. – eu disse.
–Oi. – Gina parecia desanimada, estava assim o tempo todo.
–Tudo bem? – eu perguntei tentando puxar assunto, queria muito falar com ela.
–Por que você está fazendo isso? – ela disse e parecia irritada.
–Isso o que? – não entendia do que ela estava falando.
–Por que está falando comigo? – ela não estava braba, estava triste e eu não sabia o porquê.
–Por que não falaria? Somos colegas. – eu respondi.
–Oliver, eu já disse: não podemos ser amigos, entendeu? – Gina falou.
–Por que Gina? O que EU te fiz? O que todos te fizeram? – perguntei.
–Você não fez me nada. Eu só não posso... – os olhos dela se encheram de lágrimas –Eu preciso ir embora, tem uma coisa importante que eu tenho que fazer. – ela foi em direção a porta e vi que ela estava chorando. Antes de sair ela disse –Até amanhã Oliver.
Quando sai da sala o Arthur estava me esperando. Estávamos voltando para casa e decidi perguntar a ele (sim, sou o senhor curiosidade) o que tinha com Gina, porque ela não falava com ninguém, porque não podia ser minha amiga.
–Olha cara, é complicado. Ninguém fala sobre isso. Eu tô no colégio já desde pequeno e bem, ela era normal antes, mas... Aconteceram “coisas” – eu o interrompi –Que tipo de coisas? – indaguei.
–Eu não gosto de falar sobre isso, mas eu vou te dizer uma coisa e que isso fique entre nós dois... Eu realmente acredito que ela não fez o que dizem. – respondeu, e só falou isso.
Depois disso não tocamos mais nesse assunto.
(...)
Durante essa semana eu tentei falar com meus colegas sobre a Gina, porém toda vez que eu tocava no assunto um silêncio absurdo tomava conta do lugar e ninguém se pronunciava. A única coisa que descobri é que ela provavelmente odeia matemática, pois sempre que temos aula com o professor Marcelo ela vai embora antes mesmo de bater pro período.
Eu não faço a miníma ideia do que está acontecendo (ou do que já aconteceu) com ela, só sei que eu preciso ajudá-la e parece que terei que fazer isso sozinho.
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Um pedido de socorro
Bí ẩn / Giật gânEla não falava com ninguém e era excluída por todos, alguns a odiavam, outros pareciam ter medo dela. Ninguém me explicava o porquê disso... ela era somente uma garota que gostava de sentar na classe perto da janela e matava os períodos de matemátic...