O Garoto da casa ao lado

O vale

A manhã da tão esperada procura da Cannabis chegou. Alex passou pela casa de Davi e nem sinal de vida dele. Alex pensou que talvez aquilo tudo foi só uma brincadeira de Davi.

"Mais um dia de trouxa pra guarda na minha coleção" ele pensou.

Partiu irritado pra escola, pois já havia pesquisado e planejado tudo. Como não saiu do jeito esperado, o que restava era esquecer e seguir adiante. Chegou à escola um pouco antes de bater o sinal, entrou em direção ao corredor quando viu seu "adorado" agressor. Max era um garoto um pouco maior que ele, loiro e extremamente insuportável. Já fazia um ano e meio que estavam nessa briga de gato e rato, no caso quem sempre levava a pior era Alex.

Max veio em sua direção acompanhado de mais três garotos, pronto pra fazer o de sempre, derrubar seus livros, dar chutes na sua mochila ou petelecos na cabeça.

- Olha quem chegou no horário - disse Max se aproximando.

Alex pegou seus livros que estavam na mão e arremessou-os no chão.

- O que você tá fazendo? - perguntou Max sem entender nada.

- Tô te poupando do trabalho. Quer a mochila também? - retirou das costas e jogou no chão junto aos livros.

Não era seu melhor dia, estava muito chateado por ter sido enganado pelo Davi. Uma das professoras viu o final da cômica cena e foi até eles.

- O que se passa aqui?

- Nada - respondeu Max rapidamente, já muito acostumado a dar a resposta.

Ela olhou pra Alex esperando ouvir algo dele.

- Não foi nada, professora - disse enquanto recolhia suas coisas do chão.

- Ok. Eu vou fingir que acredito, agora vai pra aula. Por que se eu pegar isso de novo, não vai ser bom pra vocês.

Saíram rapidamente pra suas salas, Alex já estava tão acostumado que nem guardou o mínimo rancor. Passou a aula inteira pensando no quanto foi tolo, em nunca mais falar com Davi ou em devolver na mesma moeda a brincadeira. O sinal bateu e finalmente a última aula acabou, agora era hora de ir embora e descansar. Só não esperava que do lado de fora do portão da escola, estaria Davi esperando ele.

- Oi, Davi - respondeu sorridente, nem lembrava mais que estava zangado.

- Tudo bem? Vamos lá? - perguntou Davi.

- É sério que você quer ir?

- Claro. - Davi confirmou sem dúvida alguma.

Os dois entram no ônibus e foram
em direção ao vale. Já quase chegando Alex o questionou.

- Como você achou minha escola?

- Eu te segui todos os dias desde que cheguei aqui — Davi respondeu sério.

Alex ficou perplexo com tal revelação.

- Eu tô brincando. - Abriu o sorriso - Fica próximo a minha nova escola e outro dia reconheci os alunos pela sua farda.

- Ah sim. Eu já ia ligar pra polícia federal. - os dois caíram na gargalhada.

O ônibus chegou ao ponto, eles desceram em frente ao teatro municipal e seguiram a pé até o vale que era do lado. Davi nunca tinha visto essa parte da cidade e ficou maravilhado com o prédio do teatro, com a vista de cima do vale, com a grande escadaria que eles tinham que descer, que terminava em uma majestosa fonte com gigantes cavalos jorrando água.

- Que lugar legal - disse Davi.

- Sim. Vem é lá em baixo. - Alex tentou parecer que já conhecia tudo.