Davi abriu a terceira gaveta da cômoda, retirou as roupas e colocou a mão procurando um pequeno papelote, achou o que procurava mas não havia nada nele."Acabou"
Pegou a mochila, colocou nas costas e desceu a escada.
- Mãe tô saindo.
- Tem dinheiro pra comer alguma coisa?
- Tenho sim.
- Davi não fica sem comer nada. Não esquece de ontem.
- Tudo bem.
Deu um beijo carinhoso em sua mãe e saiu. Foi em direção ao ponto de ônibus do fim da rua. Pegou sentido metrô Pinheiros, era dia de ir no Vale do Anhangabaú. Desceu quando o ônibus parou próximo ao metrô, entrou dentro da estação e foi sentido República. Ao chegar no Vale foi direto em um dos vendedores que já conhecia.
- Me vê quatro da top.
- Não vacila andando com isso tudo não mano - disse o traficante.
- Não se preocupa eu não sou parado pela polícia não.
Seguiu até o canto de concreto que sempre ficava, "bolou" um baseado e começou a fumar sozinho. Verificou as horas, porque precisava voltar no máximo 12:00 pra comer e ir pro treino a tarde. Agora que gastou o dinheiro todo, não podia deixar a comida da sua mãe escapar.
- Olha quem tá aqui. Tudo bem boy?
A travesti que ele havia conhecido junto com Alex a primeira vez que foi comprar, sentou do seu lado.
- Oi linda, tudo bem e você?
- Vou ficar melhor se tu deixar eu dá um trago na taba contigo.
Davi ofereceu o cigarro a ela.
- Ah sim claro.
Ela deu um trago fundo, de quem já é bem acostumada com a erva. Soltou a fumaça levemente e quase não tossiu.
- Desculpa eu nem me apresentei. Prazer Lorrany - disse devolvendo o cigarro para ele.
- Muito prazer, eu sou Davi.
- Lindo nome. Não só o nome né?
- Obrigado. - deu uma risada já sobre o efeito da maconha.
- E o seu namorado? Não veio?
- Não. Ele tá em casa. Mas como você sabe que ele é meu namorado?
- Ah meu amor, eu conheço um casal de longe.
- É que a gente não tá bem juntos na verdade. Ele terminou comigo.
- E o que você fez pra isso? Porque duvido que a poc fofa largaria você sem razão.
- Eu beijei minha ex - disse baixando a cabeça.
- Porra, também você fez a senhora cagada.
- Eu sei, e me arrependo. Só que ele não vai me perdoar tão cedo.
- E o que você tá fazendo pra ele te perdoar? - ela disse dando o último trago do baseado.
- Eu já implorei, já fiz promessas e nada.
- Então para. Você já fez o que pode, se continuar implorando ele vai achar que tá tentando enganar ele. Fica muito falso.
- Sério?
- Sim. Faz assim, age normalmente com ele. Finge que você tá bem, que já superou, faz ele sentir sua falta.
- É muito difícil.
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O Garoto da casa ao lado
Novela JuvenilAlex é um jovem que despertou um forte sentimento de amor por seu novo vizinho Davi. Entre as loucuras e o cotidiano da vida adolescente, os dois tentam descobrir a melhor maneira de viver esse amor. Nessa jornada vão descobrir sobre o que é amar um...