Janelas

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Eram cinco e quarenta de uma tarde fria em Curitiba. Os ventos gélidos batiam nas folhas das árvores que se moviam com um lindo e delicado bailar. A rua em que ficava a residência de Davi era extremamente arborizada, fazendo jus ao título de Curitiba de cidade ecológica.

- Eu já não aguento mais Cláudio.

Davi ouviu a voz de sua mãe vindo do quarto ao lado. Faziam alguns minutos que os dois estavam discutindo sobre a ida para São Paulo no dia seguinte, o que não era da vontade de Cláudio.

- Eles vão ficar brigando o dia inteiro? - perguntou Sarah que estava sentado na cama de Davi.

- Não minha linda. Vem vamos pra sala assistir desenho.

Davi levantou e inclinou seu corpo para frente, deixando as costas livres para que Sarah pudesse pular em cima.

- Éh cavalinho - ela disse já em cima dele.

Davi saiu do quarto, seguiu o corredor, e mesmo tentando disfarçar pode ouvir seus pais.

- A gente pode resolver tudo lá - disse sua mãe.

- Mas depois não diz que eu não avisei - Cláudio respondeu irritado.

Davi desceu a escada e foi para a sala com Sarah ainda pendurada sobre suas costas.

- Chegamos - disse ele, colocando Sarah em cima do sofá.

Davi ligou a televisão para a irmã poder assistir e seguiu até a janela, dando uma olhada na paisagem da rua.

- Vem assistir - Sarah o chamou.

Ficaram assistindo desenho juntos, e por um breve momento Davi pode esquecer dos problemas e se divertir com a irmã. O momento divertido durou até que sua mãe os chamaram para jantar.

Davi desligou a televisão e seguiu para a mesa com Sarah. A mesa era de uma madeira barata, redonda, com quatro lugares para sentar. O espaço da cozinha era bem menor que a casa de São Paulo, dando a impressão de um lugar mais intimista.

- Pega a espátula pra mim - Helena disse enquanto colocava a panela de feijão na mesa.

Davi abriu a gaveta que estava do seu lado, pegou a espátula e levou para sua mãe.

- Eu quero a coxa - disse Sarah se referindo ao seu pedaço de frango favorito.

- Calma garota - disse Helena.

- Pode comer filha - disse Cláudio com um aspecto nada agradável.

A mesa estava posta, Davi puxou a vasilha com salada e pegou o garfo que em seguida caiu da sua mão. Inclinou o corpo e esticou o braço para pegar o garfo, quando sua mão tremeu de forma brusca. Davi fechou a mão apertando com força para coibir o espasmo, em seguida abriu a mão de volta a esticando e observando se teria outro espasmo muscular.

"Foi só um espasmo, graças a Deus" pensou pegando o garfo do chão.

- Pega um limpo Davi - disse sua mãe.

Davi levantou, colocou o garfo sujo em cima da pia e pegou um limpo na gaveta.

- Já contou pra ele, que vamos voltar amanhã? - Cláudio disse para Helena.

- Ainda não - ela respondeu seca cortando o frango.

- O que você acha Davi, da gente tá voltando? - Cláudio provocou para ver a reação de Davi.

- Tanto faz, já não tem mais diferença - Davi mentiu percebendo a intenção do seu pai.

Alex

O Garoto da casa ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora