Todo amor é um clichê

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Sábado 13:40 da tarde, depois da semana mais conturbada de Davi em muito tempo, ele resolveu focar nos treinos. Ligou o som no quintal o mais alto possível, colocou a playlist do Linkin Park e começou a treinar. Dava socos e chutes no saco de areia sem parar, fazia isso a mais de uma hora. Já estava suado e exausto quando ouviu um grito mais alto que a música.

- OLHA O BARULHOOOO.

A som da voz vinha da casa ao lado, caminhou na direção para olhar quem era. Alex estava na janela do seu quarto e ao ver Davi fechou os vidros da janela, mas permaneceu olhando.

" Ele só pode tá me provocando não é possível" pensou Davi

Olhou fixamente para a janela, levantou a mão na direção dela e mostrou o dedo do meio. Alex cobriu a janela com a cortina e Davi voltou pra varanda, aumentou o som, colocando welcome to the jungle do guns n' roses, e voltou a socar o saco.

Após o fim do treino Davi foi tomar um banho, mas o seu pensamento não saiu de Alex. Foi para o banheiro do seu quarto, ligou o som, que era a única coisa que o ajudava a esquecer esse garoto, que entrou na sua vida de forma avassaladora.

A água caiu sobre seu Corpo, suave tirando todo o suor. O som tocando mudou para Valentine's day, a música que mais lembrava o Alex. Com os pensamentos agora retornando para ele, para a conversa dos dois, para a despedida, para briga na academia, não aguentou e desabou no chão chorando debaixo do chuveiro. Se sentia fraco, impotente e indeciso.

- Senhor me ajuda. Tira essa dor de mim, me mostra um caminho a seguir. Por favor, me dê um sinal se eu devo esquece-lo ou tentar ser feliz com ele, me ajuda senhor, me dê um sinal. - fez uma espécie de oração baixinho.

A música parou no refrão assim que ele terminou de fazer a oração.

"É um sinal? É isso, um sinal?" se questionou.

Levantou, desligou o chuveiro, pegou a toalha e foi até o som. Sua irmã de 7 anos estava lá com o controle na mão, ele a encarou com o misto de decepção e angústia.

- Tava muito alto - ela disse carinhosa para ele.

- Tudo bem Sarah - disse se jogando na cama.

- O quê você tem? - ela perguntou colocando o controle na sua mão.

- Nada. Só tô triste.

- Quando eu tô triste eu busco a coisa que mais me deixa feliz, e a tristeza vai embora.

"Eu queria fazer isso" pensou

- E o que te deixa feliz Sarah?

- Sorvete de morango - ela respondeu sorridente.

- Prometo de comprar um amanhã.

- Oba.

Sarah saiu do quarto toda feliz com o que lhe foi prometido, Davi pegou o controle e voltou a colocar sua música.

A volta do culto de domingo foi mais silenciosa que o de costume. Tirando Sarah que estava muito feliz pelo sorvete que ganhou, os pais de Davi estavam preocupados com a tristeza no humor do filho.

- Davi o seu amigo não quis vir hoje? - perguntou o seu pai se referindo ao Alex.

- Não sei pai, eu nem falei com ele.

- Parece um bom garoto, você deveria levar ele pra fazer Muay Thai.

- Ele tá estanho. Acho que não vai querer.

- Deve ser por causa da mudança - disse sua mãe.

Davi imediatamente paralisou, as palavras passaram mil ideias na sua cabeça em um segundo.

O Garoto da casa ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora