A girl gotta eat.

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GILLIAN

THE SAVOY. LONDON, ENGLAND. EVENING.

Não era qualquer pessoa que conseguiria bancar uma hospedagem num hotel cinco estrelas em Londres. O luxo que o Savoy proporcionava em cada canto era algo que só ricos, políticos e artistas influentes o bastante conseguiam arcar.

Seu scarpin preto com o solado vermelho batia contra o chão de mármore dividido em pequenos quadrados pretos e brancos. O vestido que usava era preto no etilo tomara que caia, com uma faixa branca que vinha do lado direito de seu corpo cobrindo o lado esquerdo de seu busto até os ombros, então caindo para trás como se fosse um lenço cobrindo parte das costas desnudas, dando o toque sensual que invejava qualquer mulher. Ao redor de seu pescoço um colar de pérolas fazia a perfeita combinação com os pequenos brincos perolados em suas orelhas. Seus cabelos pretos e cacheados estavam presos, cobertos por uma peruca ruiva perfeitamente colocada.

Rosalie não era tola ao ponto de desfilar pelo centro de Londres em sua persona quando a literalmente duas noites atrás seu capacho, o agente do MI6, estava dois passos atrás dela. Sabia quando era a hora de se mostrar presente como sabia a de manter discrição.

Ao chegar à recepção trocou algumas palavras com a recepcionista que fez um breve telefonema e pediu a um empregado do hotel acompanhá-la até o quarto do cliente que a aguardava.

The Savoy Royal Suite. Realmente, não era nada mal. Era uma suíte de luxo vendida como apartamento.

– Srta. Kane. É um prazer finalmente conhece-la.

Saudou uma voz masculina, fazendo-a girar o corpo para encontrar seu dono.

Gillian trabalhava sob o falso pseudônimo de Karine Kane, não era uma iniciante a ponto de deixar que seus clientes descobrissem quem era Rosalie Gillian. Muitos deles tentaram, e acabaram ceifando seus destinos. O MI6 até o momento era o único órgão com acesso àquela informação. E ela imaginava o responsável por abrir a boca.

– Suponho que deva ser o Sr. Harold. E, por favor, Karine.

O homem de cabelos grisalhos e olhos verdes retribuiu seu sorriso com um ainda mais falso.

– Na verdade, não. – Respondeu. Aquilo não a surpreendia, aqueles que a contratavam para algum serviço normalmente não queriam ter a chance de ser identificados pela ladra. Seus empregadores eram pessoas ricas com cargos invejáveis, membros do governo britânico ou até mesmo algo de proporção ainda maior. – Sou um mero negociador. Espero que compreenda.

– Não se preocupe com isso, estou acostumada.

Se ela quisesse, ou até mesmo se estivesse interessada, não teria nenhum problema em descobrir quem era a pessoa por trás de sua contratação. Contanto que seus serviços fossem devidamente pagos com as condições que exigia, tudo correria normalmente, caso o contrário, as autoridades e o MI6 receberiam um dossiê completo com o máximo de informações possíveis sobre seu empregador. Apagando seu nome do relato, é claro.

– Aqui estão às informações e metade da quantia adiantada que pediu. – Informava entregando a mulher uma bolsa de mão. – Assim que o serviço for feito, entrará em contato comigo pelo celular que está dentro da bolsa e marcaremos um encontro. Nesse encontro a última parte do pagamento será efetuada quando a encomenda estiver em minhas mãos.

Com aquela formalidade concluída retirou-se da suíte fazendo caminho até o elevador. A fase um estava concluída. Agora começava a fase dois: A troca de disfarces.

Empregadores queriam ter o controle da situação, e mesmo com a garantia de que o trabalho iria ser feito eles queriam sempre mais. Eles aconselhavam seus negociadores a ter uma pequena equipe consigo, disfarçada por todos os pontos estratégicos do hotel, prontos para seguir aquele que sujaria as mãos com o serviço. Por isso a troca de disfarces tinha que acontecer após os encontros formais.

Ao adentrar no elevador e as portas douradas se fecharem fornecendo a privacidade necessária, abriu sua bolsa e começou a se despir. O uniforme de camareira do Savoy era o perfeito disfarce, seus contatos eram eficientes ao consegui-lo em um período tão curto de tempo. Já vestida se apressou em trocar a peruca ruiva por uma loira em forma de um coque pronto com fios gastos, colocando a toca com o símbolo do hotel por cima. Encarou os números dos andares na pequena tela indicando que estava prestes a chegar ao térreo, abriu a sacola de lixo que estava guardada dentro de sua bolsa jogando todos seus pertences ali dentro. Quando as portas do elevador se abriram novamente ela era Annelise Covey, pelo menos era esse o nome que o pin em seu uniforme informava.

Justamente como seus contatos haviam informado um carrinho de limpeza lhe aguardava parado ao lado do elevador. Colocou o saco de lixo dentro começando a empurrar sem pressa alguma até a ala da limpeza, onde teria sua terceira troca de roupa esperando. E depois disso, bem, teria um pouco de diversão. 

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⏰ Última atualização: Mar 06, 2019 ⏰

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