Z E R O.

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Setembro, 2014.

📍 Sevilha, Espanha.

Rúbia abandonava a instituição de ensino superior - La Universidad de Sevilha - que, um ano antes, escolhera para preparar o seu futuro profissional, enquanto médica veterinária, licenciatura cujo enorme amor e afeto pelos animais a instigara a frequentar.

A morena dotada de uma surpreendente inteligência, natural beleza e uma cultura imensa, descobrira a sua grande paixão na literatura, na ciência e no desporto - mais concretamente, o badminton e a natação, sendo atleta amadora da primeira modalidade.

A menina de dezanove anos de idade rumou até ao parque de estacionamento da universidade, logo procurando o seu carro, por entre os tantos que, por ali, ainda se encontravam.
A sua típica distração e esquecimento eram um dos traços da sua personalidade que mais divertia a família e grupo de amigos mais próximos, estes últimos que, num tom trocista, questionavam a fantástica média académica da jovem espanhola.

Contudo, o esforço e dedicação que depositara nos primeiros dois anos - dos cinco que o curso requeria -, podiam estar prestes a tornar-se um nada, se a moça confirmasse as suspeitas que, durante dias, lhe atormentavam.

A rapariga já podia ter esclarecido todas as suas perturbadoras dúvidas mas, todavia, a coragem faltava pois, pisar a instituição hospitalar significava cruzar-se com a sua progenitora que, ali, desempenhava a sua atividade profissional - medicina pediátrica.

Dados os largos anos de serviço que a sua mãe depositara naquela casa de saúde - acrescentando o facto de que a adolescente provinha de uma família de médicos-, aquela era conhecida pelos funcionários, e até mesmo enfermos, que o hospital, pelas mais diversas razões, frequentavam.

Assim que a viatura alcançou, no seu interior entrou. Pousou a sua pasta de praxe e a bolsa - que servia de recôndito aos essenciais pertences -, sobre o banco de passageiro e retirou o seu dispositivo electrónico do bolso traseiro das suas apertadas jeans.

Procurou pelo número da sua única irmã - esta mais velha dois anos -, premindo o botão de chamada assim que o mesmo preencheu todo o seu campo de visão.

Enquanto aguardava a aceitação da comunicação por parte de Jade, a jovem olhou o seu relógio de pulso, observando que o mesmo apresentava as quatro horas e meia da tarde.
Se a sua memória não lhe falhava, a estudante de nutrição findara o seu horário académico após a hora de almoço.

Assim que a mais velha atendeu, as irmãs Garcia combinaram o local do seu encontro, a fim de Jade a Rúbia entregar o que aquela última, desesperadamente, lhe solicitara que fosse comprar.

Um impensado suspiro escapou por entre os seus lábios.

A aventura por terras lusitanas que vivera - um mês antes -, marcando, daquela forma, a sua primeira vez em Portugal, poderia resumir-se em apenas um nome.

André Silva.

O pai da morena - Eduardo - era um cidadão português que emigrara para o país vizinho, cerca de vinte e cinco anos antes, após a morte dos seus pais - vítimas de um fatal acidente de viação -, na procura de recomeçar uma vida que, jamais, fora a mesma.

Com Pilar - a bonita jovem espanhola de uma brilhante e azul íris e uns longos loiros cabelos com quem se cruzara na universidade -, aprendera que existiam segundas oportunidades à felicidade.

Errado | André Silva Onde histórias criam vida. Descubra agora