Errado | André Silva

V I N T E - Ú L T I M O.

3 anos mais tarde.
📍Porto, Portugal.

Uma leve batida na porta de madeira captou a atenção de Rúbia que, até então, concentrava a totalidade da atenção, que lhe pertencia, na sua figura refletida no comprido espelho, por consequência da auto análise a que procedia, diante da forma como os produtos cosméticos lhe embelezavam o rosto e os seus negros fios se dispunham, perfeitamente, no cimo da sua cabeça.
Deduzindo ser a profissional responsável pela maquilhagem e penteado, por ventura devido a algum utensílio, involuntariamente, olvidado, a sevilhana concedeu autorização à contra parte para pisar o interior do espaço, a fim de à mulher de trinta e oito primaveras ser-lhe exequível penetrar, novamente, o aposento e resgatar o que se encontrava ausente da bolsa recôndito do material absolutamente essencial à sua atividade profissional. Todavia, a médica veterinária descobriu-se equivocada, assim que a figura da sua única irmã e da sua progenitora lhe ocupou, também, o seu campo de visão.

— Como se encontra a noiva mais bonita? — Pilar inquiriu o seu segundo rebento, não obstruindo que um amplo e feliz sorriso lhe rompesse nos lábios, adornados por um tom nude, condizente com a veste coral que envergava e que, tão bem, lhe assentava no físico cuidado pois, face ao oficio que desempenhava na área da saúde, enquanto médica cardiologista, a mulher catalã, apesar de educada na cidade onde residia, procurava enveredar por um plano dietético benéfico para si e para o marido, o único que habitava consigo.

— Em completo pânico é uma resposta válida? — Concomitantemente, humorada e agitada, a de dissemelhantes íris replicou, enquanto abandonava a sua prévia ação de apreciação à sua própria imagem e concentrava o seu integral foco nas mulheres que eram, igualmente, as suas confidentes.

Defronte da sentença proferida pela nubente, bem como o nervoso miudinho que emanava da própria, as recém invasoras do compartimento concederam liberdade a uma gargalhada enquanto, manifestamente, briosas apreciavam a gradual preparação daquela que, brevemente, contrairia matrimónio com o amor da sua vida.

— O André revela-se tão ou mais apavorado do que tu. — Ainda entre risos, a de fios loiros informou a mais jovem das irmãs Garcia, provocando nesta segunda uma risada. — Sobretudo, porque o Afonso e o Zé persistem em troçar dele ao estarem, de modo constante, a afirmar que lhe vais abandonar no altar, depois de conquistares a consciência do tremendo erro que é casar com ele. — Assim que a adição de informação penetrou os tímpanos da detentora de uma licenciatura e mestrado integrado em saúde animal, esta não refreou a sua surpresa e, ligeira, cólera pela forma como os jovens haviam decidido escarnecer da natural inquietação do noivo, asseverando algo que, até eles, conheciam não ser dotado de qualquer veracidade.

— O Afonso e o Zé pagam-me caro durante o banquete! — Envergando a sua armadura vingativa, entre dentes, assegurou, mais uma vez, contribuindo para o recreio de Jade e Pilar. — E tu vais ajudar-me! — Indicou na direção da graduada em ciências da nutrição, demandando pela colaboração que foi, no imediato, objeto de concordância pela própria, por intermédio de um movimento positivo de cabeça. — Agora, por favor, auxiliam-me com o vestido? — Solicitou às do sexo feminino, conquistando como reação, a cooperação da dupla que, logo, aboliram a distância que as apartava da bolsa que protegia a branca veste, para que lhes fosse possível recolher a peça do seu interior.
Empregando a integridade do seu cuidado, as convidadas do matrimónio coadjuvaram aquela que o iria celebrar buscando, arduamente, refrear as suas emoções, assim que a vislumbraram, já trajada para dar início a um dos mais emocionantes dias da sua vida.