Capítulo 01

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O MUNDO NÃO É MAIS O MESMO

Lee Malia. Agora são exatamente oito horas da noite. O horário em que eles são mais ativos. Eu e minha amiga estamos escondidas em uma casa simples de uma cidade deserta onde não há muito deles, mas mesmo assim todo o cuidado é pouco. Para ficarmos seguras tivermos que pregar madeiras nas portas e nas janelas, eles podem ser mortos, mais ainda sim, são muito inteligentes. — Algo bastante problemático. Algumas velas na sala, o local onde iremos dormir. Não muitas para a claridade não chamar a atenção e sem sono.

Acho que de tanto passar noites em claro me "acostumei" a ficar a noite inteira acordada, a insônia se tornou uma irmã para mim, nunca me deixando na mão. Mas também, quem é que iria conseguir dormir em um mundo como esse? Bom, existe alguém, Natalie Alyn, ela simplesmente dorme em qualquer lugar.

Uma garota que conheci quando saí da coreia e cheguei nos Estados Unidos. A única sobrevivente americana que encontrei até agora, tirando o senhor que morreu a um mês. Desde então, ela se tornou uma irmã para mim, meu tudo. Eu só tenho ela e ela a mim. Uma loira linda, do sorriso encantador. Tenho certeza que ela fazia bastante sucesso entre os homens.

Natálie me disse que estava fazendo universidade de cinema. Ela queria ser uma atriz reconhecida mundialmente, mas infelizmente isso não poderá se realizar. Talvez, quando tudo voltar ao normal e se voltar.

E eu? O que eu queria fazer da vida?

Eu estava a começar na universidade de arquitetura. Sempre fui muito boa em desenho assim como minha mãe, ela era uma estilista não muito conhecida e tudo sobre desenho aprendi com ela. Mãe, família... Só em ouvir essas palavras eu sinto uma enorme dor aqui no peito. Mesmo que tudo se resolva eles não irão mas voltar, na verdade o mundo voltará a estaca zero. Não terá mais pessoas, casais para se reproduzirem e formar uma nova comunidade, isso me deixa desesperada e pensado se vale realmente apena continuar lutando.

Porém, sinto que ainda possa existir pessoas por aí, algo me diz que sim, por isso estamos arriscando e viajando muito para outras cidades. Natalie insiste em dizer que é besteira pois já faz tempo que procuramos e não achamos ninguém, mas eu não penso assim. Meus instintos dizem para continuar e não parar.

— Ah, que fome. — Balbuciou enquanto se virava para lá e para cá no pequeno colchão ao chão. — Eu estou totalmente desnutrida. — Faz posição de estrela tendo seu olhar no teto acima. — Se eu não morrer por ter sido comida por esses bichos, eu vou morrer por não ter comido.

— Não tem como dormir com você se mexendo assim. — Me sento e a olho irritada.

— É a fome, minha barriga está roncando. Não escutou? — Se senta enquanto colocava a mão em sua barriga.

— Eu sei, a minha também não descansa. — Suspiro pesado. — Mas não podemos fazer nada, sair a essas horas é muito perigoso. Sem contar que não tem um supermercado ou uma mercearia por perto.

— Nós deveríamos ter passado no supermercado antes. — Me lança um olhar de raiva. — É tudo culpa sua. Ficou insistindo de que ainda havia comida sobrando na mochila.

— Pare de me olhar assim. — Empurro sua testa de leve com meu dedo. — Me desculpa Natalie, eu estava totalmente errada. — Me levanto. — Todo mundo erra. Eu pensei que tinha.

Among The Dead (Entre Os Mortos) Onde histórias criam vida. Descubra agora