Céu cinza, mar azul - a poesia no fim

Lembranças

Eu lembro dos dias claros, não porque fizesse sol, mas por que tudo ficava claro quando você estava.
Depois de relutar eu entreguei tudo que eu tinha, tudo que eu era.
Eu tinha 10.
Te dei 10.
Você também me deu 10.
Mas você tinha 100.
Entende agora?
Depois de tudo eu fiquei vazia, como um corpo sem alma, como uma alma sem vida. Fiquei dias caída na cama sem conseguir me mover, sem conseguir pensar em como faria para me encher, sem lembrar de como eu era antes. Como se eu nunca tivesse existido.
Que covarde você.
Que foi embora com os 90 e recuperou os outros 10, e ainda tinha muito pra poder perder.
Eu não tinha nada.
Eu não era nada.
Dei tudo pra você.
Agora, passado tanto tempo, tenho muito mais do que eu podia querer, recuperei os 10, e consegui um número que nem posso dizer, nem escrever.
Nem sei mais quem é você.
Só sei que você me ensinou a não entrar em jogos que estão destinados ao fracasso.
Por tua causa eu entendi que, amor, aquele que é real, não esconde.
A gente soma o que tem e aumenta o valor.
Não existe espaço pra dor.