DINA
Há uma magia estranha que ronda esta instituição chamada casamento. Algo muda na aura das pessoas, se é que não estou viajando muito na maionese. Em primeiro lugar todos ficam sorrindo, acho que do meu lugar no altar consegui visualizar o esboço de um sorriso no rosto enrugado do meu avô.
Em segundo lugar, algumas pessoas (a maioria delas) conseguem chorar, se é de emoção ou de tristeza não faço ideia. Mas meu pai chorou e acho que não o vejo derramar lágrimas de verdade desde que minha mãe se foi.
Sara chorou. O namorado dela, Dave, precisou lhe estender um lenço (depois de fazer sua costumeira cara de tédio mortal, um completo babaca, eu sei).
Minha tia Amanda chorou (lembrando que ela é a única filha do Garry que nunca se casou e nem tem um rolo, mas estava emocionada).
A Greta, mãe da Hattie e da Ada chorou.
O que vem a minha surpresa, Hattie ficou apenas sorrindo e Ada chorou, que controverso.
Agora eu não posso dizer que suei um pouco quando Julie disse seus votos, está bem quente, e muita gente tem problema de suar pelos olhos. Buck ficou rindo baixinho ao meu lado e precisei lhe dar um pisão no pé pra que ele respeitasse o melodrama do casamento.
Ainda é o casamento da minha irmã, inferno, Julie acaba de estrear a temporada de casamentos dos Woodrings. Se Sara não encerrar o ano com um anel no dedo, acho que todos ficaremos decepcionados.
Eu não, Dave é um escroto. Sara merece alguém muito melhor, um cara que entenda sua dedicação à família, não um chato que a recrimina.
O problema é que estar com Sara significa estar com todos nós, o que causou problemas em seu namoro durante todos esses anos.
É por isso que não tenho relacionamentos, fechados pelo menos. Considero relacionamentos complicados demais, de repente você está com alguém, porque gosta da companhia e então ela começa a te cobrar coisas.
Sem falar que essa coisa de se ligar a uma pessoa só é difícil para mim, nem todo mundo entende minhas preferências sexuais. Se estou com uma mulher acabo ouvindo que não encontrei o cara certo, se estou com um cara acabo ouvindo que meu interesse por mulheres é temporário.
Cheguei a ouvir de alguém uma vez que era passageiro, uma fase.
Acabo de fazer vinte e um anos e ainda gosto dos dois sexos, sem o menor problema. Ou seja, ainda escandalizo as pessoas por aí.
Eu gosto da sensação de liberdade que tenho, de poder me envolver com quem quiser, não diria amar, porque é uma palavra forte e só cheguei perto desta sensação uma única vez, para nunca mais repetir nessa vida.
Agora tesão, desejo, excitação. São sentimentos corriqueiros e que me envolvem a todo o momento.
Começa com um calor emocionante e costuma terminar na minha cama ou qualquer superfície boa para se apoiar.
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Aos seus olhos
Lãng mạnO que seria o amor? É um sentimento de liberdade ou de aprisionamento? Dina Woodring sabe que o amor existe, afinal ela ama o pai, o avô, os irmãos e os amigos, mas amar um homem ou mulher? Aconteceu uma vez, ou ela achou que fosse esse o caso. No e...