Capítulo 17

50 7 0
                                    

DINA

Eu nunca me considerei uma pessoa sensata, na realidade a palavra sensatez eu resolvi excluir do meu dicionário a muitos anos, é um adjetivo que atribuo a outras pessoas, nunca para mim.

Resumindo em minha família as pessoas são sensatas, até meu pai, depois de toda a terapia. Sara sempre usa o lado do cérebro que a mantém com os pés no chão, Roy também, Elsie finge bem, mas gosta de usar a cabeça as vezes, June foi forçada pelo câncer a pensar antes de agir.

Kiki talvez abandone a sensatez em algum momento, e quando acontecer eu vou rir ou chorar, na minha família esses extremos são reais.

Em resumo, a insensatez ficou para Caim e para mim.

Meu irmão pulando de cidade em cidade naquela moto suja.

E eu, aqui em Elsie Lagoon, onde deveria ser seguro para minha sanidade, mas não é.

Primeiro porque não sou sã, e as pessoas acreditaram por muito tempo que a louca era Julie, mas não é, sou eu.

Depois de me encontrar em um banheiro com uma lâmina cheia de sangue, Elsie me fez prometer não fazer mais coisas estúpidas, quer dizer, eu continuei fazendo coisas estúpidas, mas em um nível de estupidez menor.

E, neste momento, com um homem maravilhoso e nu na minha cama estou tentando me decidir se o passo que eu dei é o tipo de estupidez que vai me deixar de boa, ou vai me jogar em um buraco bem fundo.

Sexo pra mim nunca foi dramático, sempre foi muito fácil sorrir para alguém em qualquer lugar e logo estar com a boca colada na pessoa. Como eu disse, é fácil, é prático. Sexo e depois cada um para um lado, ninguém precisa de nomes.

Mas James, engulo o suspiro que estava pronta para dar, porque isso sim seria patético. James me desestrutura, desde a primeira vez que nos vimos, meses atrás, quando entreguei aqueles malditos documentos em suas mãos.

Ali, foi um flerte, agi como se fosse qualquer cara, e era, até a noite do casamento de Julie.

Estar com James é... diferente.

E não era para ser.

— Posso perguntar porque está me olhando assim?

Sou pega de surpresa por sua voz sonolenta, pelas frestas da minha cortina o sol está começando a nascer, iluminando seu rosto com sorriso preguiçoso. Seu cabelo desarrumado é a coisa mais sexy que já vi na vida. E olha que já vi muita gente sexy.

— Só admirando. — murmuro evitando seus olhos.

Sinto as mãos de James me puxando de encontro a seu peito nu, logo os braços estão a minha volta e as pernas entrelaçadas as minhas.

É uma sensação gostosa, o calor que sinto é muito reconfortante.

— Está pensativa. — pontua com as mãos subindo e descendo por meus braços em um carinho.

— Pensar não é o meu forte. — brinco desconversando.

James solta uma risada rouca e levanta meu rosto para encará-lo.

— Eu acho que você é inteligente demais para pensar não ser o seu forte.

Engulo em seco, puta que paril, era para eu o estar dispensando agora, e não querendo subir nele e cavalgar até esquecer meu nome.

— Você não me conhece, James.

— Adoraria te conhecer, Dina. — diz de forma lenta. — Mas você precisaria deixar.

Desvio os olhos novamente, me afastando lentamente, desesperada para ver a hora, encontro meu relógio na mesinha de cabeceira, ainda faltam três horas para meu despertador tocar, ou seja, não está nem perto do meu horário de trabalho.

Aos seus olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora