DINA
Meu celular toca no bolso da minha calça, resmungo incomodada, o braço de James está envolta de mim, o rosto escondido na curva do meu pescoço se move lentamente, acho que o barulho o acordou.
Eu estou bem acordada, mesmo depois do sexo alucinante que tivemos a umas duas horas atrás, sinto cada célula do meu corpo bem acordada.
Foi um sexo diferente, James me pareceu bem mais ansioso, aflito, desesperado, foi bom pra caralho.
O celular toca mais uma vez, dessa vez é o apito de mensagem, lentamente tiro o braço de James de cima de mim, seus olhos sonolentos me encaram em confusão, salto da cama e vou em busca do aparelho no bolso de trás da minha calça. A coitada foi arrancada com tanta brusquidão do meu corpo, quase senti pena dela na hora, mas não tive muito tempo pra pensar.
Pego o aparelho e largo a peça de roupa no mesmo lugar em que estava e volto para a cama, está um frio do caralho, estamos em novembro, o outono está quase no fim e a ideia da neve chegar a qualquer momento me empolgaria se eu não precisasse levantar cedo no frio, e bem, o Natal não é uma data tão empolgante assim na minha família.
James volta a se aconchegar em mim, resmungando algo em espanhol, sou boa na língua o suficiente para saber não ser nada de mais.
Há uma ligação perdida de Buck, ele deve ter saído agora do Warriors, já passa de uma da manhã. Depois vejo sua mensagem, ácida e irritada. Exatamente como meu melhor amigo.
"Espero que as fritas tenham te saciado."
Queria que essa irritação de Dillan para comigo fosse apenas porque lhe ofereci para comprar um celular no meu cartão de crédito, mas não é, engano a mim mesma querendo me forçar a acreditar nisso.
A uns quinze dias ele está tentando puxar um assunto mais sério comigo, e eu senti pelo tom das tentativas, pelo olhar e a forma como ele buscava contato físico comigo, meu amigo queria se declarar, era algo que estávamos enrolando a anos.
Não lembro quando percebi que Dillan era apaixonado por mim, só passei a perceber quando Spike me deu o primeiro toque na adolescência, eu namorava na época o que fez Buck tomar uma certa distancia de mim e eu fiquei sem entender nada.
Eu só disse que Spike estava doido, depois Elise veio falar comigo bem seriamente sobre isso, e a situação só ficou real quando fiquei solteira e Dillan voltou a frequentar minha casa, porque Sara veio me perguntar se finalmente iríamos oficializar alguma coisa.
Foi um choque para mim perceber que os sentimentos dele eram tão nítidos para todos e menos para mim, e eu nunca quis isso. Dillan é meu melhor amigo, nunca senti tesão nele, pra mim ele é como Caim e Roy, não tem a menor chance de acontecer.
Não existe fagulha, não existe vontade, estar com Dillan era natural porque ele era meu irmão do coração.
Fujo desse assunto a anos, e acho que ele percebeu, agora deve ter cansado, me dói, porque estou magoando ele de alguma forma.
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Aos seus olhos
RomanceO que seria o amor? É um sentimento de liberdade ou de aprisionamento? Dina Woodring sabe que o amor existe, afinal ela ama o pai, o avô, os irmãos e os amigos, mas amar um homem ou mulher? Aconteceu uma vez, ou ela achou que fosse esse o caso. No e...