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  Acordo e quero outra vez enfiar a cara nos lençóis ou voltar para o mundo dos sonhos.

  Como eu fui burra, deveria era ter encurralado o doutor tesão no corredor e enfiado minha língua em sua garganta.

  Eu seria presa por atentado ao pudor, mas ele saberia que eu o quero.

  Tantas outras ideias eram melhores que a que formulei com Carlie!

— Bom dia, flor- Carlie entra em meu quarto abrindo a janela.

  Nem abro o olho para vê que ela veio tirar minha paz. E como eu fiz questão de ter em meu quarto uma janela de vidro de cima a baixo, o sol bate diretamente em minha cara.

  Fiz questão do meu quarto ser o meu paraíso particular, com tudo que tenho direito, mas isso não quer dizer que as vezes eu não me irrite no paraíso.

— Fala sério, Carlie, pessoas que passaram vergonha têm o direito de ficar na cama, em posição
fetal, por uma semana.

— Conversa- Carlie ri— Brian te adorou!

  Abro um olho. Quero vê se ela não está mentindo. Mas está séria!

— Ele disse isso?

— Não, mas ficou perguntando sobre você, é um bom sinal, não é?

Dou de ombros.

— Sei lá, não entendo os homens.

Carlie pula na minha cama.

— Cadê Uriel?

— Está lá embaixo, com a mamãe.

— A vovó está aqui?- Me animo instantaneamente.

  Adoro vovó Cassandra, ela criou tão bem minha mãe, que dona Teresa achou melhor eu morar com ela nos primeiros dois anos da minha vida.

  Foi mais também porque o papai viajava muito, ele era treinador de um time importante de futebol, minha mãe não queria deixá-lo ou me deixar, mas minha vó convenceu ela de que me deixar com ela seria a melhor opção.

  Por isso sou tão apegada a Carlie, fomos basicamente criadas juntas.

  Desço da cama, derrubando o cobertor e a minha tia no processo.

— Vovóóóó- Desço as escadas como uma louca.

  Minha vó surge na ponta da escada, com um sorriso estampado e um dos seus vestidos decotados e vermelho, ela sempre diz que vovô Antonie fica doido por esses vestidos.

— Minha menina!- Ela diz quando pulo em seu colo.

  Minha vó é uma coroa muito enxuta, a mulher parece ter parado de envelhecer aos 40 anos, quando eu crescer, quero ser igual a ela!

— Você está tão magrinha, menina.

  Dou risada. Nem vou mostrar a ela minha barriguinha de chopp!

— Vovô não veio?

— E aquele velho dos infernos larga aquela criançada do orfanato? Nunca!

  Quem olha assim, pensa que minha vó é infeliz no casamento, mas ela e vovô Antonie são assim, um xinga o outro, mas o amor é grande, de ambas as partes.

— Aff, queria tanto vê-lo.

— Vai ter que viajar para a nossa casa, meu bem.

  Vovó mora no interior, com vovô, cuidando de uma cambada de criança, da casa de acolhimento que eles criaram, eu quase não os vejo, porque é muito trabalho no restaurante, principalmente agora que minha mãe se afastou completamente da gerência, passando-a pra mim.

— Eu vou mesmo, estou morrendo de saudade.

— Eu vou adorar tê-la comigo, docinho, você trabalha de mais.

  Reviro os olhos. Ela parece a minha mãe. Não é a toa que são mãe e filha!

— Vou tirar uns dias de folga, prometo!

— Acho bom!- Meu pai surge na soleira da porta.

— Não pira, pai!

  Ele franze o cenho. Oh, merda esqueci com quem estava falando!

— Com quem acha que está falando, Cloe?

Solto uma risadinha envergonhada.

— Desculpa, pai.

  Meu pai é meio ranzinza, mas tem um coração de manteiga, não gosta de ser contrariado e tem uma personalidade forte, minha mãe disse que foi difícil convencê-lo a se casar com ela, por isso, eu sempre o mantenho o mais sereno possível.

— Que roupa é essa?- Ele ri do meu pijama.

E daí? Eu tô na bad.

— Maê, o papai tá rindo da minha roupa- Grito alto para que minha mãe escute.

  Meu pai gargalha mais alto. Eu já contei que ele é um besta para rir?Pois ele é.

— Tales, que merda, homem, não ria da sua única filha!- Minha mãe surge com Uriel nos braços— Mas cá pra nós, minha filha, esse pijaminha é muito feio, sem contar que é infantil.

Até minha vó ri agora.

— Vocês não ligam para o meu sofrimento!- Dramatizo.

  Meu pai vai dar um treco de tanto rir.

— Ela está sofrendo os golpes do amor, família- Carlie diz descendo as escadas.

  Eu quero matar essa vaca, por que ela tem que falar tanto?!

— Não estou sofrendo nada- Resmungo.

Meu pai para de rir.

— Ninguém magoa meu bebê, diz o mome do palerma que vou dar um trato nele.

Agora é a minha vez de rir.

— Ele é tão fortão, pai, o senhor não conseguiria derrubá-lo.

— É o que vamos saber- Ele resmunga— Como se chama o palerma?

— Brian Wisin- Carlie dedo duro diz.

  Bato a mão na testa, ela tinha mesmo que ter a língua grande?

— Brian Wisin, filho de Bruce Wisin?- Meu pai questiona.

— Sim.

— Aquele Bruce Wisin? O irmão do Bart cretino? O pai de Brad?- É a vez da minha mãe perguntar.

  Por que todo mundo sabe dessa história e eu não?

— O próprio!

— Parece uma invasão Wisin em minha família- Papai resmunga.

  Noto que minha vó não disse nada sobre o assunto, vou para mais perto dela e sussurro:

— Ao menos eu não estou sozinha nessa de não saber a história do Brad.

Vovó ri.

— É claro que eu sei de tudo, meu bem, só não gosto de falar da vida alheia.

— Eu ouvi isso, hein, mamãe?

  Dou risada da cara da minha mãe. Vovó sai rindo para a cozinha e eu a sigo, deixando os três adultos futricando sobre os Wisin.

— Eu não sabia dessa história do Brad.

— Brad é contido com relação a família do pai.

— Nunca notei.

Vovó dá de ombros.

— Mas quanto ao carinha Wisin, manda flores, você vai pegá-lo de surpresa e fazê-lo se questionar porque ainda não pegou a Blanco restante.

  Dou risada com gosto. Minha vó é hilária!

ReveladoraOnde histórias criam vida. Descubra agora