Na manhã seguinte saí para encontrar um terno, que Mandy tão, "carinhosamente" me pediu para comprar.
Nunca me vi dentro de um, mas de certeza não vou gostar!!!!!Entro em várias lojas e de todas saio sem nada, contínuo olhando as montras das lojas da quinta avenida, quando em uma está um manequim com um terno branco, que ao olhar, admito que até me agrada.
Entro peço para experimentar e vou para a cabine de prova.
Nem parece meu, até que nem ficou mal de todo, penso para mim, volto a trocar de roupa e me dirijo para pagar.Enquanto sigo para a caixa, na montra ao fundo vi algo em que não conseguia acreditar.
A minha frente junto a montra, olhando para dentro da loja, olhando para mim, estava ela, a mulher do quadro, a mulher que tinha visto ontem a caminho do ginásio.Minha vontade foi largar a roupa e correr até ela, mas penso, eu devo estar parva, ela nem me conhece, tentei acalmar-me com esse pensamento.
Mas tenho a certeza, certeza absoluta, que ela tinha reparado em mim, era ela linda como a imaginei, como a desenhei, aquele cabelo longo, o nariz um pouco empinado, os olhos esverdeados, os peitos perfeitos, mas mais do que isso, eu reconhecia a presença dela não sei como, mas mesmo que estivesse a um quilômetro de distância, sentia aquele calor terrível subir por mim acima, acender-me o desejo, a paixão.Ela passou e eu fiquei parada dentro da loja, não sei por quanto tempo, só tenho a certeza que foi um pouco mais de tempo que o normal, porque a empregada da loja se dirigiu a mim:
-Desculpe....está tudo bem?-Ah....sim, desculpe, pareceu -me ver alguém conhecido...queria pagar...
Paguei o terno apressadamente e sai pela loja fora, tentando ver se a conseguia ver, sorri com a ideia meio tonta de a querer encontrar, dei ainda alguns passos apressados, mas parei, tentei apagar essa sensação de tristeza de a ter perdido, será que a voltaria a encontrar, nunca se sabe no amor e nas coisas que mudam a nossa vida, os reencontros têm um sentido muito grande e não acontecem por acaso....
Duas horas depois estava na galeria, a espera de Rose, tinha que escolher como os quadros iriam ficar, e onde, enfim, programar toda a exposição.
Estava indecisa se colocava ou não o quadro de Jane na exposição, mas para acaba-lo seria preciso que ela volta -se a pousar para mim, e intimamente eu não queria que aquilo voltasse a acontecer.Rose chegou e agora que acabara de ver todos os quadros me parabenizou e começamos a decidir como expor os quadros.
-Temos que decidir por onde começar a colocá-los, é normal colocar um na entrada, um dos mais fortes, e depois nas outras duas salas, já pensou qual quer pôr na entrada? pergunta Rose.
-Sim....este! digo apontando para o quadro, o último, que representava a mulher do meu desejo.
-Ótimo! É fortíssimo! Vou já pedir que o coloquem!!!
Fomos andando pelo espaço da galeria que era enorme e eu já via perfeitamente como queria por os quadros e onde.
Queria que quem visse a exposição, fosse passando de quadro para quadro com uma sensação crescente de perda, como se passasse de corpo para corpo, até mostrar que faltava o amor.
Tal e qual como eu me sentia.Fui dando as ordens enquanto Rose apontava notas, voltamos para a entrada onde o quadro já estava colocado.
-Ah fica lindamente....mas está um pouco torto.... disse inclinando um pouco a cabeça.
-Isso arranja-se já....waverly, vêm cá endireitar esse quadro, por favor....
Waverly......eu já ouvi esse nome, meu coração dá um pulo aí ouvi-lo, tento ver quem é mas Rose continua a falar e é me impossível ver.
Continuei a ouvir as opiniões de Rose e pensando no preço de cada quadro junto com ela.Estava distraída e quando Rose me perguntou se estava bem assim, eu olhei e o meu chão fugiu.....
Waverly.....
A mulher que estava a endireitar o quadro, era ela!!!
A mulher pintada naquela tela!!
A mulher que tinha visto ontem e hoje, de novo!!
É ela!
Seria verdade, ou eu estaria a sonhar?Ela estava no quadro e ao mesmo tempo ali, a olhar para mim!
O calor da presença dela, aquele calor que eu sentia à distância, começou a arder dentro de mim, como um incêndio ateado num segundo.
Sem saber o que estava bem a acontecer, senti -me fraca, estranha....perdi a força nas pernas e caí redonda no chão.....