CHAPTER ONE: CARRIE

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CAROL

Manhãs de segunda-feira são sempre entediantes pra mim. Na real, eu odeio segundas-feiras! E também não consigo entender como algumas pessoas acordam tão sorridentes. É como se elas sempre sonhassem com algo mágico ou tivessem uma vida feliz. Blá. Blá. Blá. Eu acho impossível alguém ser 100% feliz. Hoje é o primeiro dia de aula do novo semestre e eu mal cheguei na Universidade e já quero voltar pra casa. Já tinha me acostumado com ter nada pra fazer em casa durante as férias. Mas, pensando bem, estou contente em poder ver algumas pessoas novamente. Afinal, as férias também foram entediantes. E é aqui que eu me sinto mais confortável em expressar minha visão do mundo.

Andando pelo corredor do segundo módulo, vejo algumas pessoas conversando. Seus sorrisos embrulham meu estômago. Ainda bem que estou de óculos escuros. Assim elas não podem ver que estou revirando os olhos.

-- Amiga!

Ouço um grito estridente por trás de mim. É Jonas, meu... melhor amigo. Não sou de demonstrar afeto, então dizer isso é um pouco estranho. Ele me abraça por trás e dá um beijo no meu rosto. Vomitei.

-- I'm so glad to see you again!

-- Então você anda praticando! – digo, tentando disfarçar minha antipatia com um sorriso.

-- Eu amo falar em inglês. Só sou um pouco tímido às vezes...

-- I'm glad to see you, too. What have you been up to?

-- Acabei de me inscrever para o novo grupo musical da Universidade. Tem um cartaz exposto lá na cantina. Você deveria participar.

Ah, não.

-- Claro! Onde eu assino?

Gosto muito do Jonas. E, embora ele me conheça o suficiente para entender meu humor, tento não magoá-lo com minhas atitudes. Não foi uma boa hora para falar sobre atividades complementares. Mas, lá no fundo, eu adoraria fazer parte de algo grande. Então concordo em me inscrever, agradando meu amigo e me deixando de humor mais leve.

Chegando na cantina, encontramos Davi, o namorado de Jonas. Os dois logo se abraçam, dando um selinho em seguida, o que me faz querer sair daqui o mais rápido. Resisto. O lugar está surpreendentemente cheio. Nem parece que só são oito e meia da manhã.

-- Já se inscreveram? - pergunta Davi, apontando para o cartaz pendurado na parede.

-- Trouxe a Carrie aqui exatamente pra isso. Meu nome já está lá. Foi a primeira coisa que fiz hoje quando cheguei!

Jonas parece estar mesmo empolgado. Ele senta no banco de madeira, puxando o namorado com ele. Continuo em pé. A qualquer momento, invento uma desculpa para sair.

-- Nunca entendi por que você a chama de Carrie, amor. Não deveria ser Carol? - Davi pronuncia meu nome em inglês.

-- Pela milésima vez, Davi. - Jonas parece um pouco irritado. - A chamo de Carrie por causa do filme. Carrie, a Estranha. Carol tem esse jeito todo introvertido, parecendo reclusa no próprio mundo, a diferentona. Isso me faz lembrar da Carrie do filme.

-- Ele sabe que eu não gosto. - minto. - Mas já me acostumei.

Na real, amo quando Jonas me chama de Carrie. Mas não posso demonstrar isso.

-- Soube que é um dos alunos do nosso curso que está organizando o musical. - diz Davi, mudando de assunto. - Ainda não se sabe quem.

-- Menino ou menina? - pergunto, um pouco curiosa.

-- Não sei. Assinaram o cartaz apenas com a inicial do nome.

Jonas cochicha alguma coisa no ouvido de Davi, o que o faz sorrir. Mais uma vez, reviro os olhos.

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