ANDREZA
— Eu te amo.
Olho para ela com uma expressão receosa. Não consigo imaginar sua reação.
Ela parece assimilar um pouco as coisas, tentando entender como tudo isso está acontecendo, ou em que ponto eu comecei a sentir coisas por ela. E, mesmo em silêncio, eu a compreendo. Não é fácil aceitar que uma pessoa gosta de você de certa forma, quando você tem um sentimento diferente por tal pessoa. Isso fez sentido?
Estou nervosa.
— Você me ama — ela repete, ainda tentando filtrar a informação.
Não sei o que dizer. Não quero interromper seus pensamentos muito menos ser a única a falar.
Espero. Espero até que ela finalmente diz alguma coisa.
— Dê, eu também te amo — ela segura minhas mãos. — Mas de outra maneira.
De repente, o Bosque parece pequeno demais para esta situação.
Liguei para ela mais cedo pedindo para me encontrar aqui. Depois de toda aquela cena ontem no auditório, senti que estava na hora de me abrir. Se todos confessaram seus planos, chegou a minha vez de contar a verdade. Para quem me interessa.
— Você é uma amiga incrível e eu tenho um apreço gigante por nossa amizade — continua ela. — Desculpa não sentir o mesmo que você.
Respiro fundo e olho para baixo.
Estamos sentadas num dos bancos do Bosque. O cenário é lindo. Folhas caídas no chão, as árvores espalhando a luz do sol... Uma bela paisagem para um clima desfavorável.
— Você sabe que a Julia e eu estamos namorando, não sabe?
— Eu sei — respondo, erguendo a cabeça para olhar em seus olhos. — Mas eu não podia mais guardar isso pra mim.
— Eu entendo.
— E não é tudo que eu tenho pra dizer.
— O que mais?
— Aquela coisa toda ontem me deixou pensativa. Eu mandei o Davi matar a Vanessa, porque eu queria ficar com você. Eu queria tirá-la do caminho pra que a gente pudesse ficar juntas.
Carol me olha com seus olhos arregalados. O cabelo roxo preso em um rabo de cavalo folgado deixa seu rosto mais aparente. E, pela primeira vez, consigo notar uma pequena nota musical tatuada abaixo de sua orelha. Ela consegue ser mais perfeita?
— Isso não é recente? — pergunta ela. — Todo esse sentimento. Há quanto tempo você sente isso por mim?
— Há muito tempo. Desde que você rompeu com a Vanessa pela primeira vez e nós ficamos mais próximas, lembra?
Carol sorri, balançando a cabeça como quem não acredita no que está ouvindo.
— E por que você não disse antes, Dê?
— Porque eu nunca tive a oportunidade! Quando pensei em dizer pela primeira vez, vocês voltaram. A partir daí, eu comecei a pensar num jeito de separar vocês. E quando eu finalmente consegui fazer com que a Vanessa sumisse, você dizia que não tinha cabeça pra pensar em namoro. Agora, tá aí com a Julia. Eu nunca tive uma chance.
As pessoas passando pra lá e pra cá na praça fazem com que o clima da conversa não seja tão tenso ou triste.
— Vem aqui — Carol abre os braços.
Ela está me convidando para um abraço. Eu sempre imaginei essa cena, mas de um jeito diferente. Aceito seu convite, chegando mais perto dela. Carol me aperta com força e eu retribuo mais forte ainda.
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Disguised Hearts
FanfictionEra para ser apenas mais um típico semestre na Universidade. Mas a chegada de Vanessa trouxe desconfiança e desenterrou segredos que até então estavam bem guardados. Por que um martelo com manchas vermelhas é tão assustador para estes estudantes? Q...