HARRY POV
Os dedos finos e macios de Maya viajam por meus caracóis bagunçados, a minha cabeça está deitada em seu colo, minhas pernas esticadas sobre a cama enquanto que ela está sentada contra uma pilha de almofadas, vendo com atenção o programa que estava de momento a passar na televisão. Vampire Diaries, acho que era assim que se chamava. Ela falava daquilo o tempo todo, mas eu nunca tive realmente curiosidade de ver, até agora, visto que fui praticamente obrigado.
"Harry?" Ela chama baixinho, virando o seu olhar para baixo, de forma a encarar-me e então os seus cabelos cairam no meu rosto, fazendo cocégas.
Eu mantenho os olhos fechados e respiro fundo, continuando a fingir estar a dormir. Não quero sair dos seus braços, estou bem assim, no seu colo, melhor do que alguma vez julguei estar. Se ela soubesse que eu estive acordado este tempo todo, já teria provavelmente mandado-me embora. Não, não provavelmente, de certeza mesmo. Eu percebi que ela ficou ligeiramente transtornada com as minhas revelações de á umas horas atrás, mas eu não conseguia guardar aquilo mais para mim.
Maya deposita um pequeno beijo no canto dos meus lábios e as suas mãos rapidamente voltam a acariciar meu rosto enquanto que a sua atenção é novamente desviada até ao grande plasma preso na parede. Quando ela já não está mais a olhar para mim, um sorriso rídiculo espalha-se por meus lábios, confirmando as minhas supeitas: eu aindo a ficar gay demais.
Porra, é tudo tão estranho e incrivelmente fudido! Fui em quem propus esta merda de "amigos coloridos", fui eu quem se recusou a assumir um compromisso, fui eu quem impôs as regras: sem ciúmes e sem exclusividade, porque eu sempre gostei demasiado dela para me atrever a estragar a nossa amizade. Mas agora, desde que ela se começou a afastar, eu não consigo tirar as imagens repugnantes de outros homens a tocá-la e o quão bom seria tê-la única e exclusivamente para mim.
E, á medida que ela me continuar a ignorar, repartindo a sua atenção pela televisão e pelo telemóvel, no qual ela não parava de escrever, eu não conseguia deixar de me roer de ciúmes quando pensava nas inúmeras possibilidades de pessoas para quem ela poderia estar a enviar aquelas mensagens todas.
ZAYN POV
"Meu, podes largar essa merda de uma vez por todas?" Tyler resmunga baixinho, lançando-me um olhar de desaprovação.
"Cala-te porra!" Exclamo, guardando o telemóvel de volta no bolso do casaco. "O Nate vem hoje ou nem por isso?" Mudo de assunto, fuzilando-o com o olhar enquanto esperava por uma resposta. Estamos á espera daquele palhaço à mais de meia hora e a minha paciência esta a esgotar-se.
Tyler verifica o telemóvel uma última vez, e depois olha para mim, mordendo o interior da bochecha com um olhar de súplica. "Ele disse que não vai conseguir vir hoje, perguntou se poderia ser amanhã." A sério?
"Foda-se," Praguejo, pontapeando uma pedra pequena que se encontrava no chão em terra. "Mas esse gajo está a gozar comigo?" Exclamo, encarando Tyler como se a culpa fosse dele, o que não era na verdade mas porra, parece que toda a gente decidiu tirar o dia para me irritar.
"Desculpa,"
"Tudo bem, não tens culpa." Suspiro, abrindo a porta do carro para que pudesse entrar nele. "Trata de te encontrar com ele amanhã. Sem mais desculpas, ouvis-te?"
Tyler assentiu. "Sem mais desculpas."
Entrei no lugar do condutor e sai dali o mais depressa possível.
Decidi parar por um bar antes de ir para casa. Precisava de arrumar as ideias e estar numa casa rodeada de gente conhecida com certeza não ia ajudar nessa tarefa. O espaço estava quase vazio. No balcão estava apenas eu e mais dois rapazes podres de bêbados, e quanto ás mesas, só duas delas estavam ocupadas. Reconheci algumas caras lá da universidade. Duas raparigas acenaram para mim e eu sorri de volta, não querendo ter o trabalho de lá ir cumprimentá-las visto que nem o nome delas sabia.