46. You're hurting me

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MAYA POV

Eu começo a rir-me, sim, a rir-me. Sem saber bem o porquê. Mas ciente na ideia de que não passava de um riso nervoso para esconder o meu nervosismo súbito. Aquelas palavras repetiam-se na minha cabeça e Zayn permanecia a olhar para mim, parecendo verdadeiramente confuso.

Eu não vou deixar-te ir.

O que é suposto eu responder a isto? Nós não podemos manter uma relação. Nós não podemos sequer respirar perto um do outro sem que os nossos gangues entrem em guerra. Isto é errado. Errado e incrivelmente fudido.

"Qual é a piada?" Ele pergunta entre os dentes, relaxando as mãos que antes apertavam firmemente o volante. Eu balanço a cabeça e olho para ele, encolhendo os ombros. "O que é?"

"Nada, não é nada." Digo e viro-me para sair do carro.

Zayn respira atrás de mim, perto do meu cabelo e então eu sinto a sua mão a apertar com força o meu pulso, puxando-me de volta para trás. "O que é Maya? O que foi tão engraçado?"

Olho-o nos olhos, dando-lhe um aviso silencioso mas ele não parece perceber. Ou então ignorou simplesmente. "Estás a magoar-me, merda!" Praguejo, sacudindo o braço. "Zayn, larga." Eu aviso, mais calma desta vez.

Ele suspira e olha para baixo, largando-me devagarinho. Levo a outra mão até ao meu pulso e massajo numa tentativa de me livrar das marcas vermelhas. Desde quando ele ficou tão forte? Nem sequer é assim tão musculado quanto isso.

"Desculpa."

"Mas tu és burro por natureza ou é a droga que te afeta o cérebro?" Grito contra o seu rosto. Muito mais alto que aquilo que pretendia.

"Eu já pedi desculpa," O rapaz murmura. "Não quis fazer isso."

Eu rio sem humor. "Se esta é a tua forma de tentares ganhar a minha confiança de novo, deixa-me dizer-te que estás a fazer um trabalho de merda."

"Eu só quero que as coisas voltem a ser como antes." Ele diz num tom de voz baixo, aproximando lentamente a sua mão da minha. Eu afasto-me por impulso. "Não estás com medo de mim, certo?"

"Devias conhecer-me melhor que isso." Reviro os olhos e involuntariamente olho para o meu pulso que continuava vermelho. "Não tenho medo de ti." Engulo em seco, olhando de volta para ele. "Não tenho medo de ninguém."

Ele sorri. Mas não é um sorriso verdadeiro. É um sorriso de culpa. O seu corpo recua no banco e Zayn foca o olhar nas mãos. "Não quis mesmo magoar-te."

"Eu sei." Suspiro. "Tenho mesmo de ir, ok?"

Fico á espera que ele proteste, que me peça para ficar, que me diga algum sítio para nos encontrar-mos depois, mas ele não faz nada disso. Limita-se a assentir, balançando a cabeça positivamente. Eu quero realmente que ele se afaste de mim, ou pelo menos eu preciso disso. Mas não quer dizer que não fique desiludida quando ele não mostra mais interesse. Sendo que o moreno não faz nada para me impedir, eu limito-me a pegar nas minhas coisas e abandono o carro, deixando-o sem pronúnciar uma última palavra.

O caminho até casa é feito lentamente. A minha vontade para voltar para aquele ambiente não é muita. Não me interpretem mal... Eles são os irmãos que eu nunca tive, cuidaram de mim quando mais ninguém se importou e eu gosto mesmo de viver com eles. É só que todos os dias há um problema. Todos os dias á assuntos complicados por resolver. Todos os dias existe uma merda qualquer que nos faz ter medo de perder um elemento. É o típico lema de viver um dia de cada vez e ás vezes torna-se exaustante.

Procuro pelas chaves dentro da minha mala, encontrando-as finalmente depois de uns 5 minutos a vasculhar por todos aqueles objetos inúteis. Antes da chave entrar sequer na ranhura da fechadura, a porta abre-se para trás, exibindo um Ryan atarefado. Ele estava ainda a esconder a arma dentro das calças e, quando deu pela minha presença, saltou de susto, sorrindo depois. Um sorriso preguiçoso e stressado.

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