Capítulo I

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Carregava uma faca em uma mão, enquanto que com a outra, segurava a rédea do cavalo para não cair. Desviei das árvores de troncos mais espessos, porém não conseguia evitar que os galhos mais finos ferissem meu rosto.

Meu coração batia depressa, sabia que eles não estavam muito longe de mim. Pensei em diminuir a velocidade, me apavorei ao ver o quanto a floresta ficara estreita.

Senti um novo corte em minha bochecha, outro em meu braço. Já não podia contar quantas feridas surgiram em meu corpo desde que comecei a galopar.

Depois de correr por cerca de meia hora, reparei que o cavalo estava ficando cansado.

— Vamos lá, amigão. Suporte só mais um pouco. — Falei, tanto para ele, quanto para mim. Honey já era um cavalo velho, apesar de sua pelagem preta e sua musculatura não deixar isso em evidência.

Honey diminuiu a velocidade. E diminuiu. Diminuiu. Até parar por completo.

— Ah, por favor, Honey! — Tentei fazê-lo andar novamente, mas o animal estava decidido a não me obedecer. — Tudo bem. Já entendi.

Joguei a faca no mato para não me machucar ao descer.

Quando ouvi a cavalaria se aproximando, saltei o mais rápido possível. Ergui o vestido para não tropeçar nele, peguei a faca do chão e me preparei para continuar fugindo a pé.

Corri por entre as árvores, usando a faca para abrir caminho. Gemi de dor ao sentir as pedrinhas ferindo meus pés descalços e para continuar dificultando, os grampos caíram do meu cabelo e os fios se soltaram, atrapalhando um pouco a minha visão.

O sol estava se pondo, precisava encontrar um lugar seguro antes que o breu dominasse a floresta. Sabia que quando a noite chegasse, eu estaria completamente em desvantagem dos homens. Eles possuíam lanternas e conheciam aquele percurso muito melhor que eu.

Minhas mãos suavam, estavam escorregadias, tornando quase impossível segurar a faca para cortar os galhos que estavam em meu caminho.

— Tess, pare de correr. Você irá se machucar! — Ele gritou.

Não iria respondê-lo para que não me encontrasse tão facilmente. A essa altura, provavelmente já tinham passado por Honey e visto que eu continuei seguindo a pé.

E como se fosse uma profecia, eu tropecei em um galho que estava camuflado no chão e acabei caindo de cara na terra. Bati o queixo e dei uma bela mordida na língua que me fez ganir de dor. A faca foi jogada para frente, ficando longe do meu alcance e me tornando uma captura fácil.

— Eu te avisei, Tess. Avisei que iria se machucar! — Ele disse, ao descer do cavalo e se aproximar de mim. O comprido cabelo loiro estava preso em um coque bagunçado.

Deu uma leve coçada na barba antes de esticar a mão para tentar me ajudar a levantar.

Olhei ao redor e vi os capangas me cercando com seus cavalos. Eu estava sem saída. Mesmo que não quisesse me render, reconhecia que não havia como fugir.

— Não voltarei com você! — Afirmei, mas nós dois sabíamos que essa afirmação não tinha fundamento algum.

— Tess, não me faça ter que carregá-la em meus braços, sabe que farei se for preciso. — Atentou, me fazendo lembrar das inúmeras vezes em que me carregou em seus braços enquanto eu me fazia de garota birrenta apenas para provocá-lo. Mas dessa vez era diferente. Não era uma provocação. Ir embora talvez fosse uma questão de sobrevivência.

Um escocês no meu caminho Onde histórias criam vida. Descubra agora