TessUm pouco mais tarde naquele mesmo dia, ouvi Charlie conversar com um homem na sala. Me espreitei para tentar ouvir um cadinho sequer, mas me deparei com diálogos em gaélico e a forma rápida como eles pronunciavam as palavras, nem um dicionário me ajudaria. A verdade é que me mantive atenta a conversa, mesmo sem compreendê-la porque não queria ter que lidar com meus sentimentos. Charlie bagunçou a minha vida muito mais que um terremoto seria capaz de bagunçar uma cidade.
Por que aquele maldito escocês se atreveu a me dizer que queria me beijar? E, antes de mais nada, por que ele queria me beijar?
Ryld ainda era o meu noivo e nada havia mudado.
Eu estou apenas assustada. Não é todo dia que a rainha manda alguém me sequestrar.
Tudo bem, era simples de entender o que eu estava sentindo. Charlie estava sendo atencioso comigo, me comprou roupas e cozinhou para mim, além de eu estar passando mais tempo ao seu lado do que passei na vida com Ryld. Eu estava em uma ilha desconhecida e ele estava tentando reverter seu erro sendo extremamente atencioso. Meus sentimentos não eram nada preocupantes.
— Tudo bem, obrigado, Gael. — Charlie fez questão de levar o homem até a porta e deixou escapar um suspiro frustrado quando se aproximou de mim.
— Aconteceu mais alguma coisa?
Ele esfregou a testa preenchida de preocupação.
— A saúde de Brenda está se agravando a cada segundo.
— Então não vamos perder tempo!
Ele me encarou com intensidade.
— Não quero que vá comigo, Tess!
Eu o teria elogiado por ter pronunciado meu nome no lugar de madame e senhorita, mas me vi muito mais interessada em brigar pelo meu direito de tomar minhas próprias decisões.
— Algo dentro de mim me diz que eu não me importo com o que você quer! — Retruquei com ironia.
— Isso não é uma brincadeira. Brenda está doente e pode ser contagioso. Não permitirei que você corra o risco de adoecer também.
— Levarei em consideração sua preocupação com o meu bem-estar.
— Levará? — Havia uma fagulha de esperança na sua voz.
— Levarei e descartarei. Eu vou com você, Charlie.
Um intenso aborrecimento tomou conta do seu rosto.
— Eu a amarrarei à cama se for preciso! — Garantiu em um ranger de dentes.
— Você não seria capaz. Não suportaria partir sabendo que eu poderia estar sentindo dor por ter meus pulsos e pernas presos. O escocês prometeu me proteger, lembra-se?
Ele colocou as mãos nos quadris e estreitou os olhos para mim. Com toda certeza, a essa altura, Charlie estaria se lamentando por ter me sequestrado.
— Por vezes tenho medo dos pensamentos que a madame desperta em mim. — O tom de voz era sombrio, mas não tive medo. — Tenho vontade de esquecer o bom senso e puxar-lhe os cabelos.
— Saiba que também não tenho vontade de lhe fazer cafuné, Charlie.
— Fazer o quê? — O semblante confuso me fez querer rir.
— Cafuné. — Repeti.
— Que raios de palavra é essa?
Por uma fração de segundo eu achei que ele estivesse zombando de mim, e então me lembrei que certa vez li na internet que essa era uma das poucas palavras em português que não tinha uma tradução direta para outros idiomas. A pronunciei em português sem ao menos perceber.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um escocês no meu caminho
RomanceATENÇÃO ⚠️ Apenas DEGUSTAÇÃO O livro foi retirado (11/08). Disponível na Amazon. Livro I série: Escoceses Sinopse: Tess era a mulher mais sortuda do mundo, ninguém podia contestar. Noiva do príncipe de Gales, um dos homens mais cobiçados e viv...