Capítulo 6

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Aviso:

Queridos leitores, iríamos postar este capítulo somente na sexta-feira, mas pensando como

leitoras, decidimos que hoje seria um bom dia para um capítulo extra.

Esperamos que gostem....

****

LORENZZO

Dona Adriana parecia não acreditar no que eu acabava de contar para ela, os olhos giravam na própria órbita e por vezes ela abriu a boca e não conseguiu dizer nada.

Ela me puxou para longe dos pais de Michel, que pareciam mais tensos do que nunca.

—Isso é uma loucura! Você tem ideia do que está fazendo?

—O que sei é que o Michel é muito importante para a Ana Flávia e, se ele precisa de um motivo forte para lutar, estamos dando isso a ele —expliquei.

— Mentindo? Acha mesmo que essa é a melhor forma de ajudar uma pessoa?— Ela ainda não estava conformada.

— Eu sei que parece loucura, mas quando eu abri aquele exame e vi que eu sou o pai do bebê da Ana Flávia, invés de felicidade, eu senti culpa, porque enquanto eu tenho motivos para comemorar, o cara está aí, com a morte batendo em sua porta.

—Tudo bem...Aí vocês inventam que ele é o pai e...E depois? Como vão levar essa mentira depois?

— O depois é outra história...Assim que ele se recuperar e sair daqui, contamos a verdade...—Passei as mãos por meus cabelos.—Olha dona Adriana, não pense que está sendo fácil para mim...Eu estou aqui, vendo a mulher que eu amo se descabelando por outro homem e, por mais que essa constatação acabe comigo, eu tenho certeza que mesmo agora que sabe que o filho é meu, é com o Michel que ela vai ficar, está na cara que ela é apaixonada por ele, então, de um jeito ou de outro, o Michel vai ser também o pai dessa criança.

A mãe da Ana Flávia me olhou com pena.

—Ah...Lorenzzo, eu nem sei o que dizer.

—Tudo bem...Eu já aceitei que perdi. —Sentei-me, sentindo o meu coração estilhaçado.— Eu tive as minhas chances e por burrice deixei-as passar...Agora a Ana Flávia vai seguir o caminho dela e eu vou ter que aprender a conviver com isso...

—Quer saber de uma coisa?—Ela apertou os meus ombros.—Você é um homem muito honrado, Lorenzzo... Esse seu ato de abdicação só prova o quanto você amadureceu.

Apenas dei com os ombros lembrando de uma frase que minha mãe sempre dizia: " Existem duas formas de se aprender com a vida...No amor ou na dor...", parecia que no meu caso a segunda opção era a que me regia.

****

ANA FLÁVIA

Sair daquele quarto deixando com o Michel uma mentira, pareceu-me pesado. Ao mesmo tempo, era como se aquela fosse a única maneira de fazer com que ele buscasse forças para reagir.

Eu podia ver nos olhos daquele médico, que a situação do Michel não era boa, por mais que eu fosse meio desligada, também conseguia pescar uma coisa aqui e outra ali na conversa das enfermeiras. Não precisava ser formado em medicina para imaginar uma infecção generalizada era mesmo algo muito grave.

Sentindo-me fraca, em todos os sentidos, em vez de ficar naquela recepção, eu preferi sentar-me no jardim. Em menos de um minuto a minha mãe se juntou a mim.

Abraçada a ela, eu me permiti chorar, as lágrimas que rolavam por meu rosto vinham de um lugar profundo, um lugar nunca antes acessado por mim.

—Eu já sei de tudo, minha filha...—confessou em meu ouvido.

Uma escolha do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora